segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Hidratante pode ter matado Hatshepsut

Creme usado pela principal faraó mulher do Egito para tratar um eczema pode ter sido o culpado por sua morte


   Há remédios piores que a doença. Que o diga a rainha Hatshepsut, principal faraó mulher do Egito, que viveu por volta de 1450 a.C. Segundo cientistas da Universidade de Bonn, ela pode ter morrido por causa do creme hidratante que usava. Essa é a suspeita levantada pelos especialistas que analisaram o conteúdo – até hoje intacto – do frasco encontrado entre os objetos da faraó, hoje conservado no Museu Egípcio da universidade.

    A descoberta foi feita por Michael Höveler-Müller, curador do museu, e Helmut Wiedenfeld, do Instituto de Farmacologia da universidade. Por muito tempo, acreditava-se que o frasco contivesse perfume, mas, ao retirar amostras de seu conteúdo, eles identificaram um tipo de loção para a pele contendo uma forte substância carcinogênica. Os pesquisadores suspeitam que o creme possa ter sido indicado à faraó como tratamento para eczema, já que são conhecidos outros casos de doenças de pele na família de Hatshepsut.

    O problema é que, além de substâncias hidratantes e anti-inflamatórias, os farmacologistas detectaram no creme da monarca uma grande quantidade de benzopireno, “uma das mais perigosas substâncias carcinogênicas que conhecemos”, afirma Wiedenfeld.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Druida perde luta contra universidade

Britânico batalhava na Justiça para que restos mortais de 5 mil anos encontrados em Stonehenge fossem devolvidos ao local de origem


   O druida King Arthur Uther Pendragon não é um personagem de livro ou filme sobre os celtas. É um ex-militar que vive em Wiltshire, condado no sul da Inglaterra, trocou legalmente seu nome – antes se chamava John Rothwell – e se tornou um líder druida moderno. Ele acaba de perder uma batalha na Justiça britânica na qual exigia que arqueólogos da Universidade de Sheffield interrompessem as pesquisas realizadas no monumento megalítico de Stonehenge e devolvessem os restos mortais de cerca de 50 corpos de 5 mil anos que foram exumados do local para estudo.

    Segundo Pendragon, as ossadas eram de membros da “linhagem real”, sacerdotes que podem ter sido “os pais fundadores desta nação”, disse ele, em referência à Inglaterra. Ele teme que os restos mortais, exumados em 2008, não sejam enterrados novamente no local de origem e terminem em museus. A Justiça britânica não acatou o pedido do druida, e os arqueólogos prosseguirão a pesquisa até 2015.

    Os druidas antigos eram sacerdotes, juízes e conselheiros dos povos celtas, pré-cristãos que ocuparam a Europa ocidental no segundo e primeiro milênios a.C. São posteriores a Stonehenge, mas provavelmente usavam o local para cerimônias.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

De Pelé a Dilma, todos fichados

Lote documental descoberto nos arquivos do Dops de Santos revela personalidades que foram perseguidas pelo órgão do governo militar


   O que Dilma Rousseff, Pelé, Frei Betto, Mário Covas, o bispo diocesano de Santos e Che Guevara têm em comum? Todos foram fichados pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de Santos durante a ditadura. Essas informações fazem parte de um lote de documentos pertencentes ao órgão, descobertos no ano passado na cidade do litoral paulista e agora abertos à consulta pública.

    No início de 2010, 45 mil fichas e 11.666 prontuários do Dops foram encontrados por acaso em um prédio da polícia de Santos. O material, provavelmente esquecido por mais de 25 anos, foi entregue ao Arquivo Público do Estado de São Paulo, que desde 1994 tem a custódia dos fundos do Dops/Deops. Os documentos, inéditos, foram higienizados e catalogados e agora estão disponíveis para pesquisa.

    Além de abrir essa parte do acervo encontrada em Santos, o Arquivo do Estado também anunciou que vai digitalizar 7 mil prontuários e 170 mil fichas remissivas de seu fundo Deops. Os originais serão conservados, e seu conteúdo será oferecido, pela primeira vez, na internet.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Líbano em chamas

Filme Incêndios, do diretor Denis Villeneuve, retrata saga de uma família em meio à guerra que assolou o país entre 1975 e 1990


   O diretor Denis Villeneuve não precisou dar nome aos bois. Em seu filme Incêndios, que chega às locadoras em DVD, ele conta a história de um casal de gêmeos que, após a morte da mãe, sai em busca do pai e de um irmão desconhecido. Para isso, partem ao país de origem da mãe e precisam descobrir o que ocorreu em sua juventude. O nome do lugar não é revelado, e a trama também não desvenda detalhes sobre o conflito político e religioso que mudou o destino da jovem mãe, Nawal Marwan, levando-a ao exílio no Canadá, onde os irmãos vivem.

    Essa falta de indicações é proposital. O filme foi rodado na Jordânia, mas o conflito a que se refere é a Guerra do Líbano (1975-1990), mesmo sem mencioná-la. Mas não é preciso dar nomes para reconhecer a guerra civil, identificar a cidade (Beirute) e a região das montanhas de Chouf, a prisão (Khiam), assim como os conflitos entre as falanges libanesas, cristãos, israelenses, sírios, drusos e xiitas. A estratégia é mostrar como essa barbárie, inscrita em um território imaginário, tem muito a dizer sobre o conflito político-religioso que continua vivo na região.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O centenário de Mazzaropi

Documentário em fase de produção vai homenagear o centenário do ícone da cultura caipira no cinema brasileiro


   Referência da cultura caipira no cinema brasileiro, o ator Amácio Mazzaropi será homenageado com um documentário, com lançamento previsto para 2012, ano de seu centenário.
 
   O longa-metragem intitulado Mazza.doc, produzido pela Felistoque Filmes, reunirá depoimentos de personalidades do cinema e da televisão brasileira e expoentes da cultura caipira. Um dos entrevistados é a apresentadora Hebe Camargo, que, segundo Celso Sabadin, roteirista e diretor do filme, conta que Mazzaropi era apaixonado por ela, mas nunca conseguiu namorá-la. O ator Ewerton de Castro, que também participa do documentário, começou a atuar com Mazzaropi e rapidamente acabou escalado como figurinista, continuísta e até roteirista dos filmes dele.

    Além de mostrar a trajetória do artista e empresário, a ideia do documentário é investigar os motivos que fizeram do ator um dos nomes de maior sucesso comercial da história do cinema brasileiro, segundo Sabadin. Para falar sobre o tema, o professor Cláudio Marques, do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o cineasta Jeremias Moreira, estudioso da cultura caipira e o compositor Renato Teixeira também participam do documentário.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Rio terá centro de arqueologia

Antigo palacete no centro da cidade reunirá milhares de vestígios encontrados em todo o estado fluminense


   O palacete no centro do Rio de Janeiro que abrigaria a Casa do Samba será transformado em um centro de arqueologia. O espaço reunirá milhares de vestígios encontrados em escavações em todo o estado fluminense, e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pretende inaugurá-lo no ano que vem.

    Por enquanto o acervo arqueológico está guardado na sede do Iphan, no Rio, mas o plano é transportar as 15 mil peças para o palacete, na praça da República, 22, assim que for concluída a reforma. No momento não há mais espaço disponível para guardar coleções arqueológicas em instituições de pesquisa.

    O local contará com laboratórios, espaço para exposições e debates, além de funcionar como um centro de educação patrimonial. Segundo o superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Carlos Fernando Andrade, o gasto previsto é de R$ 9 milhões, entre a realização da obra e a montagem do centro.

    O estado do Rio de Janeiro tem 962 sítios arqueológicos registrados e 140 projetos em andamento. O mais antigo é o Sambaqui de Camboinhas, com mais de 7 mil anos, na paria de Itaipu, em Niterói. Nas obras do Complexo Petroquímico do Rio, em Itaboraí, foram localizados 41 sítios

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A Itália no Brasil

Começa este mês o Momento Itália-Brasil, série de eventos em homenagem à história compartilhada pelos dois países e aos 30 milhões de brasileiros descendentes de italianos







   Primeiro foi a vez da França. Agora, pelos próximos nove meses, a Itália será o país homenageado em uma série de atrações no Brasil. De outubro de 2011 a julho de 2012, as relações entre os dois países serão abordadas em uma extensa programação reunida sob o nome Momento Itália-Brasil.

    A abertura oficial será no dia 15 de outubro, com um espetáculo de dança ao ar livre nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro. O tema será uma reflexão sobre a história do Brasil e da Itália. No dia seguinte, São Paulo faz sua abertura do ano da Itália com um concerto da Osesp, na Sala São Paulo. Serão executadas obras de compositores italianos, na primeira parte, e de Villa-Lobos, na segunda.

   No total, serão 486 eventos em 18 estados brasileiros. O Brasil entra, dessa forma, no conjunto de celebrações dos 150 anos da unificação italiana e dos 65 anos da proclamação da República no país. Por aqui, comemora-se também o centenário de duas instituições paulistanas voltadas para a divulgação da cultura italiana no Brasil: o Circolo Italiano e o Colégio Dante Alighieri.

   Antecipando as comemorações, o Museu do Café, em Santos, inaugurou no final de agosto a mostra “Itália-café-Brasil: Qui si beve caffè”. A exposição, que fica em cartaz até 29 de janeiro de 2012, aborda a relação entre os dois países por meio do café, com destaque para o fato de que, entre 1875 e 1901, mais de um milhão e meio de italianos desembarcaram em terras brasileiras para trabalhar, principalmente, nos cafezais.

   A grande onda de imigração e os mais de 30 milhões de descendentes de italianos no Brasil serão tema de vários eventos. Em fevereiro, São Paulo abriga a mostra “A viagem – De Gênova para Santos”, e, em abril do ano que vem, a exposição de fotos “Orgulho de ser oriundi”. No Rio de Janeiro, o Arquivo Nacional realiza a mostra e o seminário “Viagem dos italianos ao Brasil”, de 19 de outubro a 26 de fevereiro.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Submarino nazista é achado em SC

Pesquisador encontra o submarino alemão U-513, o “Lobo Solitário”, naufragado em 1943 no litoral sul do Brasil


   Durante uma regata entre Vila Velha, no Espírito Santo, e a ilha da Trindade, na costa brasileira, a bordo do veleiro Aysso, Vilfredo Schürmann ouviu falar do naufrágio de um submarino alemão no litoral de Santa Catarina. O capitão não sossegou enquanto não encontrou a embarcação no fundo do mar. Foram 18 mergulhos até identificar os restos do submarino alemão U-513, naufragado em 19 de julho de 1943.

    O Lobo Solitário, como era conhecida a embarcação, era comandada por Friedrich Fritz Guggenberger, oficial condecorado com a Cruz de Ferro pelo próprio Adolf Hitler, por ter afundado um porta-aviões inglês, o Ark Royal.

    A busca do U-513 foi realizada com o apoio do governo de Santa Catarina, e o local do naufrágio foi encontrado graças às anotações contidas no diário de bordo do navio americano Barnegad, que resgatou sete sobreviventes de um total de 53 tripulantes, conta Schürmann. O diário registrava também as coordenadas de um ponto próximo ao local onde o equipamento nazista afundou, fornecidas por um instrumento do hidroavião americano que abateu o submarino. “Com essas coordenadas o localizamos”, explica o capitão. O próximo passo de Schürmann é transformar a história em documentário.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A Índia dos homens e dos deuses

Exposição “Caminho das Índias”, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, reúne obras de arte antigas do país



   Uma viagem por um país de mais de 1 bilhão de habitantes, 200 etnias, seis religiões e 20 línguas oficiais é algo para ser feito em etapas. Por isso, a exposição “Caminho das Índias”, aberta este mês no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, foi dividida em quatro seções: homem, reis, deuses e contemporaneidade. Depois do Rio, a mostra segue para Brasília e São Paulo.

   A exposição reúne obras de arte antigas vindas do próprio país e de museus e coleções particulares da Europa, fotografias históricas, roupas, joias, objetos de uso cotidiano e vídeos, entre outros recursos. Tudo isso para ilustrar momentos-chave da história da Índia, como a época clássica dos reinos independentes do subcontinente, os períodos de colonização inglesa e portuguesa, o desenvolvimento das cidades entre 1860 e 1920 e o movimento que levou à independência, em 1949. A parte contemporânea da exposição convida os visitantes a conhecer um pouco da indústria de tecnologia de ponta indiana e oferece ao público a experiência de participar de um filme de Bollywood.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Camboja reconstrói templo do século XI

Após mais de 50 anos de trabalho, estrutura composta por cerca de 300 mil blocos foi remontada e já está aberta para visitação



   O maior quebra-cabeça do mundo do restauro foi completado. Depois de mais de cinco décadas, 300 mil blocos de pedra foram recolocados no lugar de origem, e o templo de Baphuon, no complexo de Angkor, no Camboja, foi, enfim, reerguido e aberto ao público.

    No início do século XX, a edificação, construída no século XI, havia sido coberta pela mata. O trabalho de restauro começou com uma grande limpeza, e logo ficou claro que a estrutura do templo, em areia, não teria mais condições de suportar as pedras da fachada, que já tinham começado a desmoronar. A solução foi remover os 300 mil paralelepípedos de arenito – de 500 kg a 1 tonelada cada –, numerá-los, reforçar a estrutura interna da pirâmide e depois recolocar as pedras no lugar de origem.

    A empreitada foi iniciada nos anos 1960, mas interrompida pela guerra civil que eclodiu na década de 1970. Durante todo o governo do Khmer Vermelho as obras permaneceram paralisadas e só foram retomadas em meados dos anos 1990. A partir de então, os restauradores encararam o desafio de encaixar as pedras retiradas décadas antes e espalhadas por mais de 10 hectares de floresta. Agora, o templo foi finalmente reinaugurado, reconstituído de acordo com o que era no século XVI.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Setembro, mês da memória

Dia 19 começa a 5ª Primavera dos Museus, jornada de atividades que envolvem mais de 580 instituições em todos os estados brasileiros


   Setembro é o mês do patrimônio. Na Europa, monumentos, igrejas, castelos e museus montam programações especiais, e locais históricos pertencentes a particulares abrem suas portas para visitantes. Este ano, a Jornada Europeia do Patrimônio será realizada em 50 países. O Brasil também celebra a data com 5ª Primavera dos Museus, organizada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

    O tema escolhido pelo Ibram para estimular a ação conjunta de museus e centros culturais no Brasil este ano foi “Mulheres, museus e memórias”. A quinta edição da Primavera dos Museus será realizada de 19 a 25 de setembro. Entre as ações estão seminários, exposições, oficinas, espetáculos musicais, mesas-redondas, visitas guiadas e exibições de filmes.

   Além da Primavera, ocorrerá em Minas Gerais a terceira edição da Jornada Mineira do Patrimônio Cultural. O tema deste ano é “Quando a minha história conta a história de todos” e pretende conscientizar os cidadãos do papel dos indivíduos na construção da história social e da memória local. A jornada ocorre durante todo o mês de setembro, e a programação está no site www.jornada.mg.gov.br

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

História às margens do Velho Chico

Iphan faz inventário inédito do patrimônio histórico e cultural das cidades e regiões banhadas pelo rio São Francisco






   Ao longo de cinco séculos, indígenas, jesuítas, colonizadores portugueses e holandeses, escravos, bandeirantes, garimpeiros, sertanejos, pescadores e viajantes deixaram vestígios de diferentes etapas da história do país nas margens do rio São Francisco. Esse patrimônio agora está devidamente catalogado em um inventário produzido por técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O levantamento é resultado de um trabalho de três anos, período em que a equipe percorreu 1.600 km do rio, passando por 90 localidades e cadastrando os bens culturais localizados nas margens do “Velho Chico”.

    O inventário identifica três regiões históricas do rio durante o período colonial: o alto São Francisco, com a ação dos bandeirantes exploradores de ouro; o médio, região de ocupação pecuária; e o baixo, área de ocupação de missionários católicos.

    No período imperial, destaca-se a implantação da estrada de ferro e da navegação mercante, que intensificaram o comércio entre as várias regiões do país. Datam do período republicano a construção de hidrelétricas no médio São Francisco e os projetos governamentais para aproveitamento de suas águas para fins agrícolas, agropecuários e agroindustriais.


   O patrimônio cultural da calha do rio São Francisco inclui diversas construções históricas, como igrejas e vestígios de missões jesuíticas; conjuntos urbanos de arquitetura art-déco e eclética, marcos do apogeu econômico do vale do São Francisco a partir da segunda metade do século XIX até o início do XX; além de fazendas e propriedades da época da mineração no Alto São Francisco.

    O levantamento do Iphan relaciona também o patrimônio imaterial – artesanato, tradições, folclores, festas religiosas e manifestações linguísticas –, arqueológico e espeleológico da região, com centenas de sítios identificados, pinturas rupestres etc.

    O objetivo do inventário é subsidiar projetos de proteção e salvaguarda do patrimônio identificado, envolvendo órgãos dos ministérios do Meio Ambiente, das Minas e Energia e da Pesca e Aquicultura, Agência Nacional de Águas e o Iphan. Isso porque o levantamento revelou como certas paisagens naturais estão deterioradas e como o patrimônio histórico e cultural está “descaracterizado, disperso ou submerso nas águas das represas formadas ao longo do rio São Francisco”.

    Entre as propostas e sugestões de salvaguarda e proteção estão o tombamento das igrejas do baixo São Francisco – em especial a de São Pedro, em Porto da Folha (SE); da fazenda Mundo Novo, em Canindé de São Francisco (SE); da gruta de Bom Jesus da Lapa (BA); do conjunto arquitetônico e urbanístico de Floresta (PE); do patrimônio arquitetônico rural na serra da Canastra e lagoa da Prata (MG); das formações geológicas do vale do Peruaçu (MG); a salvaguarda da técnica de produção da canoa de tolda (embarcação típica da região da bacia do rio); e o tombamento da própria foz do São Francisco.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

EUA devolvem peças roubadas no Iraque

Governo americano leva de volta ao país árabe objetos retirados de sítios arqueológicos de até 4 mil anos


   No início, era para ser uma investigação sobre crimes de corrupção e fraudes nas obras de reconstrução do Iraque, Afeganistão e Kwait. Mas o grupo especial formado pelo FBI americano para identificar esses crimes acabou encontrando outros: um conjunto de peças arqueológicas raras, de 2.500 a 4.000 anos, roubadas do Iraque em 2004 e levadas ilegalmente para os Estados Unidos. Os artefatos foram agora devolvidos pelos EUA ao governo do país árabe.

  Segundo o FBI, as peças foram levadas por empreiteiros contratados pelo Departamento de Defesa americano que viajavam pelo país. O conjunto incluía dois pratos de cerâmica, quatro vasos, uma lâmpada a óleo, três estátuas pequenas e sete placas de terracota. São datadas desde o período da antiga Babilônia (2000-1600 a. C.) até as épocas Neoassíria e Neobabilônica (1000-550 a.C.). Segundo especialistas, as placas de terracota eram uma espécie de amuleto que as pessoas carregavam para se proteger do mal e de doenças. Elas podiam também ser penduradas em templos ou enterradas na fundação das construções.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sotaques paulistas viram documento

Falas típicas dos descendentes de italianos e do interior de São Paulo podem ser servem de base para pesquisas históricas e podem até virar patrimônio


   São Paulo tem dois sotaques característicos: o jeito italianado de falar da capital e os erres pronunciados do interior. Agora, um deles pode se tornar patrimônio tombado e o outro, fonte histórica para explicar as migrações internas do país.

    O bairro paulistano cujo sotaque é mais evidente é a Mooca, que recebeu a maior parte dos imigrantes italianos na virada do século XIX para o XX. Esse linguajar, documentado nas canções de Adoniran Barbosa ou nos textos de Juó Bananère e repleto de expressões como “orra, meu” e “belo”, vem se perdendo. Por isso, o vereador Juscelino Gadelha entrou com um pedido de tombamento do sotaque da Mooca como bem imaterial protegido da cidade.

    Antes de os italianos chegarem, porém, havia outro tipo de sotaque em São Paulo. Aquele que hoje é tido como típico linguajar caipira teve sua origem na capital, segundo um grupo de pesquisa da Universidade de São Paulo.

    Os bandeirantes e tropeiros é que o teriam levado para povoados mais distantes nos séculos XVII e XVIII. A relação está sendo estudada por Manoel Mourivaldo Santiago Almeida, professor da USP e coordenador do Projeto Caipira, que desde 2007 analisa a formação da identidade paulista a partir da língua portuguesa.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Caminho de Santiago nas telas

Novo filme de Bruna Lombardi retoma a mística da famosa rota de peregrinação pelo norte da Espanha surgida no século IX





   Estreiou na sexta-feira, 19 de agosto, o filme Onde está a felicidade?, que traz Bruna Lombardi no papel de Teodora, uma chefe de cozinha que decide fazer a famosa peregrinação pelo caminho de Santiago de Compostela depois de passar por uma crise amorosa.

    Ao contrário do que se poderia imaginar, a produção não é um drama, mas sim uma comédia romântica. Depois de pegar o marido fazendo sexo virtual com outra mulher e perder o emprego, Teodora decide fazer a peregrinação pelo norte da Espanha para refletir sobre a vida e buscar as respostas que lhe faltam nesse momento de crise.

    O filme acompanha a viagem da protagonista, que percorre 790 quilômetros a pé acompanhada do amigo Zeca (Marcello Airoldi), interessado em transformar a viagem em um lucrativo programa de televisão, e da espanhola Milena (Marta Larralde). O filme traz belíssimas imagens das estradas do norte da Espanha e explora a mística do caminho de Santiago de Compostela, que fascina o público brasileiro desde 1987, quando o livro O diário de um mago, de Paulo Coelho, resgatou a história dessa antiga rota de peregrinação.

    A popularidade do tema chamou a atenção para um fenômeno que muitos consideravam coisa do passado: as grandes peregrinações. Surgidas nos últimos séculos do Império Romano, as expedições rumo aos lugares sagrados do cristianismo viveram seus dias de glória durante a Idade Média, mas entraram em declínio a partir do século XVI, com o avanço da secularização e do pensamento científico. 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Uma identidade para Mona Lisa

Estudiosos alemães acreditam ter identificado a mulher que serviu de modelo para o mais famoso quadro de Leonardo Da Vinci



   A polêmica sobre a identidade da mulher que inspirou a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, pode tomar um novo rumo. Segundo especialistas, o artista teria pintado o retrato de sua mãe, Caterina, ou da princesa Isabela, de Nápoles. Há quem diga que a mulher seria a nobre espanhola Costanza D’Avalos ou a modelo Cecília Gallerani. Outros sugerem ainda que as expressões masculinizadas da figura poderiam ser de Gian Giacomo Caprotti, aprendiz e possível amante de Da Vinci.

   Recentemente, pesquisadores da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, descobriram que em 1503 o artista italiano trabalhou no retrato de Lisa Gherardini del Giocondo, esposa de um comerciante de seda. Seu sobrenome seria a razão para que a obra ficasse conhecida como La Gioconda.

   Para confirmar essa hipótese, a sepultura onde a italiana foi enterrada em 1542, no Convento de Santa Úrsula, em Florença, foi aberta. Os próximos passos são reconstituir a face de Lisa e comparar seu material genético com o de seus filhos, enterrados na mesma cidade.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Um arquivo digital da Primeira Guerra

Cartas, diários, fotos de familiares, relatos de combates e outros documentos são reunidos em site criado em memória ao centenário do conflito


   Para marcar o centenário do início da Primeira Guerra Mundial, a Universidade de Oxford e a Europeana, arquivo digital multilíngue que reúne vasto material sobre o patrimônio cultural e científico produzido na Europa, trabalham em um projeto para retratar a guerra pela ótica de quem a viveu.

   Os organizadores estão criando um grande arquivo que vai reunir fotos de família, cartas, diários e histórias inéditas das frentes de guerra em várias partes do mundo. O objeto é recriar o cotidiano dos cidadãos comuns durante os quatro anos do conflito, que provocou uma média de 8 mil vidas perdidas por dia.

   Além de contribuir para o trabalho de historiadores, o projeto rendeu exposições itinerantes no Reino Unido, que serão levadas para França, Bélgica, Polônia, Países Bálticos, Bálcãs, Áustria e Itália. Atualmente, uma equipe da Europeana trabalha na Alemanha reunindo suvenires da época. A equipe espera ter o arquivo pronto até 2014, quando será possível acessar documentos públicos e privados e reconstruir os fatos de pontos de vista diferentes.

   O conteúdo do site já está parcialmente acessível, inclusive em português, no endereço eletrônico http://www.europeana.eu/portal/.
http://www.europeana.eu/portal/.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Site rastreia bens roubados por nazistas

Ferramenta de busca permite que famílias localizem objetos de arte, livros e documentos confiscados ou perdidos durante o III Reich



   Uma ferramenta internacional de pesquisa foi criada nos Estados Unidos para ajudar a localizar bens perdidos durante o período nazista. O International Research Portal possibilita que famílias investiguem o paradeiro de objetos confiscados, perdidos ou roubados durante a dominação do III Reich, tais como objetos de arte, livros e documentos.

   O site facilita o trabalho de historiadores, permitindo o acesso a inúmeras fontes de consulta, como os arquivos nacionais dos Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Bélgica, e instituições como o Museu Histórico alemão e o Memorial do Holocausto americano, entre outras. A página disponibiliza diversos relatórios que discorrem sobre a restituição de obras de arte, investigações de crimes envolvendo objetos do gênero e sobre as condições de arquivos e bibliotecas nos anos seguintes ao final do nazismo. Além de acessar os artigos acadêmicos disponíveis é possível compartilhar as pesquisas realizadas.

terça-feira, 26 de julho de 2011

África tem língua mais antiga do mundo

Pesquisadores de universidade na Nova Zelândia defendem que a primeira forma de linguagem falada da história surgiu no continente negro


   Segundo um artigo publicado na revista Science, a origem da linguagem humana está na África. O estudo de Quentin Atkinson, pesquisador da Universidade de Auckland, Nova Zelândia, mostra que há uma relação entre o surgimento do Homo sapiens no continente e a aparição da língua falada.

   Atkinson aplicou na linguística um conceito oriundo da genética, conhecido como “efeito fundador”. Ele explica que, quando há expansão, uma população pequena se separa e vai para outro território, levando apenas uma parte da população original, o que pode ocorrer repetidas vezes. Em vez de genes, o pesquisador analisou fonemas, unidades distintas de sons, que diferenciam palavras. Segundo ele, quanto maior o número de fonemas em uma língua, maior o tamanho da população falante. Ao mesmo tempo, quanto menor a diversidade de fonemas, mais distante está a língua da origem.

   Depois de analisar o repertório de fonemas de 504 línguas, juntamente com a localização geográfica, concluiu que a África apresenta a maior diversidade de fonemas, e, portanto, teria sido o berço da mais antiga língua falada. A América do Sul e a Oceania apresentam o menor número de fonemas distintos. Logo, têm as línguas mais recentes do planeta.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Documentos do Império na internet



Assembléia Legislativa de São Paulo disponibiliza cerca de 350 mil documentos produzidos até a década de 1930



   Um ofício de requerimento de aumento de salário para os professores de São Paulo de 1841, ou o contrato de parceria estabelecido entre o senador Vergueiro e os colonos imigrantes europeus para trabalhar em sua fazenda de café de 1852. Esses são alguns dos exemplos dos documentos que compõem o Acervo Histórico da Assembleia Legislativa de São Paulo e agora estão, digitalizados, na internet.


   No total, são 350 mil documentos originais da época do Império, da República Velha e dos anos 1930, relativos ao estado de São Paulo e seus municípios. A publicação desse acervo no portal da Assembleia é fruto de um projeto de digitalização iniciado há 15 anos. Até agora, os documentos só estavam disponíveis para pesquisadores.


   Entre os registros que podem ser pesquisados no site, mediante um sistema de busca, estão diversos ofícios e requerimentos relativos à instalação, desenvolvimento e manutenção de serviços públicos nos diversos municípios; legislação referente à urbanização, abertura de estradas, instalação de ferrovias; assim como documentos sobre a organização do poder público e todo tipo de tributação, inclusive sobre o comércio de escravos.
www.al.sp.gov.br
www.al.sp.gov.br

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Como ensinar com manuscritos antigos

Arquivo Público do Estado de São Paulo lança site que ajuda professores a utilizar em sala de aula documentos históricos escritos à mão
  



Cartas, testamentos, processos penais, atas de reuniões, anotações em agendas e até bilhetes colados em geladeiras. Todos esses documentos têm uma coisa em comum: foram escritos à mão. E o Arquivo Público do Estado de São Paulo decidiu reunir e digitalizar mais de 140 deles para montar uma mostra virtual sobre as mudanças que os registros feitos à pena ou à caneta sofreram ao longo dos últimos séculos de história brasileira.

O resultado foi o site Manuscritos na história, no qual o internauta pode conferir todos esses documentos divididos por tema em dez ambientes diferentes. A mais antiga das relíquias é um testamento escrito em 1707, mas o visitante também pode entrar em contato com o texto original da Constituição Política do Estado de São Paulo de 1891, com o manuscrito do poema Círculo vicioso, de Machado de Assis, ou com uma carta de Júlio Prestes escrita em 1942.

O ponto alto do site é a seção “Atividades pedagógicas”. Nela, o Arquivo do Estado elaborou nove propostas de uso em sala de aula dos materiais disponibilizados pelo site voltadas turmas para o ensino fundamental. As atividades trabalham principalmente questões ligadas às aulas de português e de história.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Macedônios, exímios construtores

Pesquisadores descobrem que o povo de Alexandre, o Grande conhecia técnicas refinadas de construção e já utilizava o cimento três séculos antes que os romanos


   Os macedônios são conhecidos como grandes guerreiros e conquistadores – basta pensar em Alexandre, o Grande. Mas uma descoberta recente revelou outra faceta desse povo que habitava a região da Grécia e da Anatólia na Antiguidade. Eles eram construtores experientes e já faziam cimento três séculos antes dos romanos.

   A descoberta foi feita graças à análise de tesouros vindos da Grécia para uma exposição no Museu Ashmolean (www.ashmolean.org), em Oxford, Inglaterra. As peças faziam parte de um complexo funerário pertencente à dinastia de Alexandre, o Grande.

   A mostra “De Hércules a Alexandre, o Grande”, que fica em cartaz até o fim de agosto, reúne o material recém-coletado nos sítios arqueológicos de Vergina (nome atual), a primeira capital da Macedônia (Aegae), datados dos séculos VII a IV a.C. A cidade permaneceu desconhecida até 30 anos atrás, quando foram encontradas as tumbas de Felipe II e seu neto, Alexandre IV, e localizado o complexo real.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Egito e os ecos da revolução

País africano está preparando uma exposição sobre os recente levantes que derrubaram o ditador Hosni Mubarak



   Para mostrar que as manifestações que reuniram milhares de pessoas no início deste ano no Egito já entraram para a história do país, o ministro de Antiguidades, Zahi Hawass, anunciou a preparação de uma exposição de arte dedicada à chamada Revolução de 25 de Janeiro, que levou à renúncia do ditador Hosni Mubarak.

   A ideia é começar pelo Egito e depois seguir por outros 14 países europeus, até ficar instalada permanentemente no Museu Nacional da Civilização Egípcia (NMEC). “Ainda estamos decidindo como será a mostra”, disse Hawass. Ela deve reunir obras de arte e peças arqueológicas que remetam aos eventos políticos recentes, assim como fotografias da multidão reunida na praça Tahir e dos mortos da revolução, acompanhadas de objetos pessoais.

   A revolução acabou deixando outras marcas nos museus e sítios arqueológicos do país. Durante os dias de tumulto, criminosos aproveitaram a situação para saquear parte do acervo do Museu do Egito, no Cairo. Algumas das peças já retornaram, mas “ainda há 37 artefatos desaparecidos”, afirmou Zahi Hawass. “Um relatório final ainda está sendo elaborado, badeado na análise de locais de armazenamento em todo o país”, diz ele

terça-feira, 14 de junho de 2011

Zamperini, o sobrevivente

Trajetória de vida do corredor americano preso pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial vai virar filme



   Se há alguém que pode ser chamado de sobrevivente é Louis Zamperini, corredor americano preso pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Sua história virou livro e em breve chegará aos cinemas, já que a produtora Universal comprou os direitos de sua biografia, Unbroken, escrita por Laura Hillenbrand.

   Filho de imigrantes italianos, Zamperini era um delinquente juvenil até se tornar corredor. Depois de competir pelos EUA nas Olimpíadas de 1936, teve a carreira esportiva interrompida ao ser convocado para lutar na Segunda Guerra Mundial. Em 1943, o avião onde estava caiu no oceano Pacífico.

   O corredor passou 47 dias no mar até ser resgatado pelos japoneses. Foi preso e só não acabou decapitado por ter sido reconhecido como atleta. Mas isso não impediu que fosse enviado a outra prisão, onde ficou até o fim da guerra, sofrendo torturas diárias. Na volta, sofreu de estresse pós-traumático, mas hoje, aos 94 anos, dá palestras e entrevistas contando sua trajetória de resistência.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Satélite revela novas pirâmides no Egito

Projeto pioneiro de mapeamento a partir de fotos tiradas do espaço identifica mais de 3 mil sítios arqueológicos desconhecidos no país



   Há quase uma década, a professora Sarah Parcak, da Universidade do Alabama, vem utilizando fotografias tiradas por satélite para localizar e estudar sítios arqueológicos em várias partes do globo. Na última semana, a pesquisadora apresentou os resultados de seu projeto mais ambicioso: construir uma espécie de “planta” completa do Antigo Egito a partir desse tipo de imagem.

   Não poderia ter dado mais certo: a equipe de pesquisadores do Sepe (Survey and Excavation Projects in Egypt – Projetos de busca e escavação no Egito), grupo de especialistas liderado por Parcak, localizou nada menos que 17 novas pirâmides e mil tumbas desconhecidas. Além disso, imagens em infravermelho ajudaram a identificar estradas e agrupamentos urbanos que pareciam perdidos. É o caso da cidade antiga de Tanis, atualmente San El Hagar, que teve o traçado original de suas ruas revelado pelas modernas tecnologias.

   Ao todo, são cerca de 3100 sítios arqueológicos que, se não fosse por fotografias tiradas a 700 km de distância da superfície terrestre, provavelmente continuariam soterrados no deserto.

   A partir de agora, o projeto vai seguir em duas frentes: por um lado, os pesquisadores tentarão localizar outros sítios arqueológicos, soterrados em locais de localização mais difícil. De acordo com declarações da professora Parcak ao site da rede britânica BBC, é o caso de assentamentos que foram encobertos pelo lodo trazido pelo Nilo, o que dificulta o uso de técnicas como o infravermelho.

   A segunda frente de trabalho é a mais óbvia: o grupo agora precisa escavar os milhares de novos sítios e recolher os objetos que forem encontrados. Afinal, isso é algo que as modernas tecnologias ainda não podem fazer pelos arqueólogos.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O horror da Segunda Guerra em cenas reais

Documentário francês sobre o maior conflito da história traz imagens de época inéditas que retratam o trágico impacto do embate na vida dos civis




   Quando a série Apocalipse foi ao ar na televisão francesa, em setembro de 2009, tornou-se um sucesso de público e crítica. Exibido em seis episódios, o documentário de Isabelle Clarke e Daniel Costelle foi montado exclusivamente com imagens de arquivo restauradas e passadas para alta definição. Selecionados dentre um total de 650 horas de filmes, esses registros vieram de 46 coleções diferentes, do mundo inteiro.

   Mais da metade das imagens é inédita, e as cenas surpreendem por retratar a população civil durante o conflito. Muitas das sequências, originalmente em preto e branco, foram colorizadas – com exceção das referentes ao Holocausto.

   Não há entrevistas ou gravações contemporâneas. O documentário é todo construído pela sucessão de cenas históricas. Inevitavelmente, o filme mostra a guerra do ponto de vista francês, com ênfase na movimentação de suas tropas, suas estratégias e alianças.

   Os seis episódios saem agora no Brasil em uma caixa com três DVDs. O período abordado vai de 1933, quando Hitler se torna chanceler, até a fase final da guerra, de 1944 a 1945, com o desembarque dos Aliados na Itália e o ataque nuclear americano ao Japão. A própria imagem do apocalipse.
Apocalipse – Redescobrindo a Segunda Guerra Mundial (#Apocalypse – La Deuxième Guerre Mondiale#, França, 2009, 312 min). Direção: Isabelle Clarke. Distribuição: Log On.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Um passeio pelas ruas da Roma antiga

Site disponibiliza maquete digital da capital do maior império da Antiguidade nos tempos de Constantino

   Em 1900, o arquiteto francês Paul Bigot construiu uma maquete de gesso de 70 m2 recriando a cidade de Roma na época de Constantino, no início do século IV. O trabalho foi bem acolhido pelos arqueólogos na época e acabou doado para a Universidade de Caen, na França. Agora, mais de 100 anos depois, o modelo ganhou uma versão virtual, que pode ser acessada no site da instituição.

   A versão digital foi atualizada por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores nas áreas de ciências sociais, Antiguidade, audiovisual e computação e tem a vantagem de poder ser modificada de acordo com o surgimento de novas descobertas arqueológicas e históricas. A ideia dos pesquisadores foi recriar a cidade de Roma em diferentes estágios de evolução, incluindo etapas de construção e desenvolvimento urbano.

   A maquete de Bigot foi feita na época em que ele vivia na Villa Medicis, palácio que abrigava a Academia Francesa em Roma. O local foi administrado, durante certo período, pela Escola de Belas-Artes de Paris, onde o arquiteto se formou.
http://www.unicaen.fr/cireve/rome/pdr_maquette.php?fichier=video_presentation

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A incrível fuga de um gulag soviético

Estreia no dia 13 o filme O caminho da liberdade, que retrata a trajetória de um grupo de prisioneiros que escapou de um dos famosos campos de concentração da Sibéria



O diretor australiano Peter Weir é autor de produções que marcaram o público em diferentes épocas: do sentimental Sociedade dos poetas mortos ao emblemático O show de Truman, que surgiu no início da moda dos reality shows. Em O caminho da liberdade, que chega na sexta-feira, dia 13, aos cinemas brasileiros, Weir leva às telas o incrível périplo realizado por um grupo de prisioneiros que conseguiu fugir de um gulag soviético, em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial, na Sibéria.

Depois de conseguir escapar do campo de trabalhos forçados, os sete homens, de diversas nacionalidades, percorreram a tundra siberiana, os planaltos da Mongólia, o deserto de Gobi, os picos do Himalaia, a Muralha da China, até atingir seu objetivo final: a Índia, então sob dominação inglesa. No total, a travessia somou mais de 6.500 km. Muitos não conseguiram chegar até o fim.

O filme foi baseado nas memórias de um desses homens, Slamovir Rawicz, um oficial do exército polonês que foi capturado em 1939 e mandado para o gulag na Sibéria. Seu livro, publicado em 1956, vendeu mais de 500 mil exemplares e foi traduzido para 25 línguas. Mas o relato teve sua veracidade questionada por alguns pesquisadores. O que não se pode negar é que a aventura é, pelo menos, digna de cinema.
CAMINHO DA LIBERDADE [The Way Back, Estados Unidos, 2010]. Direção: Peter Weir. Distribuição: Califórnia

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Tesouro maia escondido na Guatemala

Pesquisadores da Alemanha acreditam que ruínas de antiga capital maia estejam submersas no fundo do lago Izabal

   

No lago Izabal, na Guatemala, há o equivalente a 8 toneladas de ouro que submergiram junto com as ruínas de uma suposta capital maia, há 2.600 anos. A indicação aparece no Códice de Dresden, importante documento produzido pela civilização pré-colombiana e estudado exaustivamente durante 40 anos por um professor emérito da Universidade de Dresden, Alemanha, o matemático Joachim Rittsteig.

   Não se sabe como o documento chegou à Europa, mas, segundo os dados da Biblioteca Real de Dresden, o texto foi obtido de um colecionador em 1739, em Viena, Áustria. O manuscrito tem 74 páginas e inclui anotações sobre matemática, astronomia e religião. Acredita-se que seja o livro mais antigo das Américas.

   Segundo Rittsteig, uma das passagens do códice descreve a ruína da capital maia, chamada Atlan, depois de um terremoto ocorrido em 666 a.C., quando 2.156 barras de ouro teriam afundado no lago guatemalteco. O acadêmico alemão reuniu um grupo de arqueólogos para tentar recuperar o suposto tesouro, avaliado em US$ 290 milhões (quase R$ 500 milhões). Para a equipe, patrocinada pelo jornal alemão Bild, a corrida do ouro está aberta. Segundo os maias, o fim do mundo está marcado para 21de dezembro de 2012.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O surgimento da rainha do lar no Brasil

Pesquisa mostra como, na década de 1950, a culinária passou de trabalho para serviçais a símbolo de status para donas de casa da elite nacional



   A imagem da dona de casa sempre à beira do fogão não é tão antiga no Brasil quanto imaginam as novas gerações. Essa é uma das conclusões da dissertação de mestrado de Débora Santos de Souza Oliveira, que analisa a transmissão do conhecimento culinário no Brasil urbano do século XX e foi defendida no ano passado no Departamento de História da USP.

   Segundo a pesquisadora, foi só na década de 1950 que a dona de casa brasileira entrou na cozinha para fazer doces e comidas mais delicadas, já que até então esse era um espaço reservado às criadas. A mudança de hábito se deu graças à diminuição do trabalho doméstico proporcionado pelo surgimento e popularização de eletrodomésticos e produtos industrializados, que tornaram mais rápida a preparação de alimentos. A partir de então, “surgiu o desejo de inserção no mundo moderno. As pessoas queriam comer aqui o que se comia em Paris. Foi a época do estrogonofe”, afirma Débora. A dissertação pode ser acessada na página do banco de teses digital da USP: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-27042010-141556/en.php

segunda-feira, 25 de abril de 2011

URSS colocou a vida de Gagarin em risco

Documentos que acabam de ser revelados mostram que o governo soviético abriu mão de medidas de segurança para vencer a corrida espacial

   

   Não é difícil imaginar os riscos que o cosmonauta russo Yuri Gagarin enfrentou quando realizou a primeira viagem do homem para o espaço. Afinal, a tecnologia que moveu a Vostok, nave que levou o militar à órbita terrestre no dia 12 de abril 1961, era precária, experimental e muito inferior à que possuímos hoje.

   O que não se sabia até recentemente é que as autoridades soviéticas tomaram conhecimento de várias falhas técnicas no equipamento usado por Gagarin, mas decidiram prosseguir com a missão, arriscando a vida do piloto em nome da chamada corrida espacial, disputada com a outra superpotência da Guerra Fria, os Estados Unidos.

   Essas informações, divulgadas pelo jornal Der Spiegel, vieram à tona por meio de documentos do período que o governo russo acabou de revelar. A papelada mostra, por exemplo, que dois dias antes do vôo de Gagarin, cientistas descobriram que sua roupa tinha peso superior ao permitido para embarcar na Vostok. A solução encontrada foi remover alguns equipamentos do traje, incluindo peças essenciais como sensores de temperatura e pressão. Outra decisão tomada pelos coordenadores da missão foi a de não incluir sistemas de emergência na espaçonave, acionados, por exemplo, em caso de incêndio ou falha no lançamento.

   Essas medidas ocasionaram problemas sérios ao cosmonauta. Durante o vôo, por exemplo, sabe-se que Gagarin quase não conseguiu acionar o sistema de respiração de seu traje espacial.

   De acordo com os documentos, lidos pela primeira vez pelo também cosmonauta Yuri Baturin, o governo da União Soviética esperava ganhar tempo com essa simplificação da tecnologia usada por Gagarin, assumindo, assim, a dianteira na corrida espacial.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A pedra mágica dos navegadores vikings

Pesquisadores afirmam que cristal descrito em mitos escandinavos pode realmente ter sido usado como bússola para dias nublados

   

Segundo lendas vikings, os navegadores do Atlântico Norte costumavam apontar um cristal em direção ao céu para descobrir a posição do Sol em dias de céu encoberto. Por muito tempo a prática foi considerada um mito, até que arqueólogos levantaram a hipótese de que o método poderia ter base científica e de que a pedra usada seria a calcita, cristal comum na Escandinávia.

   A explicação do fenômeno está relacionada à polarização da luz. Normalmente, para cada onda eletromagnética de uma fonte luminosa há um feixe que vibra em um plano perpendicular. Assim, a dispersão dos raios em moléculas de ar provoca a polarização, cuja tangente fica visível mesmo quando há nuvens ou neblina. Dessa maneira, ao segurar um cristal e girá-lo é possível verificar a direção da polarização e deduzir a posição do Sol.

   Recentemente, os pesquisadores Gábor Horváth, da Universidade de Eötvös, de Budapeste, e Susanne Åkessor, da Universidade de Lund, na Suécia, testaram o método e concluíram que a polarização ocorria de modo similar em dias límpidos e de céu encoberto. Ainda faltam, porém, provas arqueológicas de que os vikings utilizavam esse método, como lembra o pesquisador Seán McGrail, da Universidade de Oxford.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

História Geral da África é lançada em SP

Mais importante obra de referência sobre o continente está disponível para download gratuito na internet e vai subsidiar ensino do tema

   

6 de abril de 2011 foi um dia de festa no Tucarena. O anfiteatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi palco de um evento considerado histórico para o movimento negro brasileiro: o lançamento da primeira edição integral em português da coleção História Geral da África – Unesco.

   Em oito volumes, a obra é o mais importante estudo já realizado sobre o continente e sua produção foi muito mais do que um projeto de erudição acadêmica. Trata-se de uma importante empreitada política, como lembrou Petronilha Gonçalves da Silva, professora titular de ensino e aprendizagem de relações étnico-raciais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e integrante do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) da mesma instituição.

   A coleção começou a ser elaborada por um comitê científico reunido pela Unesco na década de 1960, logo após as independências dos países africanos, que até então eram, em sua grande maioria, colônias de potências europeias. O objetivo era produzir uma obra para provar que uma das máximas da historiografia do século XIX e da primeira metade do XX não passava de preconceito e mistificação: a de que a África era um continente sem história.

   Essa afirmação infundada e preconceituosa se baseava na concepção de história elaborada pelo filósofo alemão Friedrich Hegel no século XIX, segundo a qual só os povos que criaram Estados e sistemas de escrita possuíam consciência de sua própria trajetória ao longo dos séculos. Os demais eram os chamados “povos sem história”.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Arqueólogos escavam local onde nasceu Buda

Especialistas anunciam pesquisas no subsolo da cidade de Lumbini, no Nepal, suposto local de nascimento do ícone religioso.

  

  A cidade de Lumbini, aos pés do Himalaia, no Nepal, é um dos principais destinos de peregrinação budista. Foi ali que Sidarta Gautama, o Buda, teria nascido, em 623 a.C. Inscrito na lista do Patrimônio Mundial da Unesco desde 1997, o local será escavado durante três anos.

  O objetivo da missão é investigar a presença de vestígios arqueológicos e, a partir disso, reorganizar o local de visitação para evitar danos. Os pesquisadores presumem que, além dos monumentos em homenagem a Buda, podem existir outros, mais antigos, no local. A pesquisa deve buscar também novas evidências sobre a data de nascimento do Buda.

  A missão arqueológica faz parte de um projeto maior de conservação e manutenção de Lumbini, que inclui, por exemplo, o restauro do pilar Ashoka, erguido pelo imperador indiano Ashoka (304-232 a.C.), em homenagem ao local de nascimento do Buda. Outro templo a ser recuperado é o Maya Devi, que leva o nome da mãe de Buda por ser o local onde ela se banhou antes de dar à luz. O projeto conta com o patrocínio do governo do Japão e da Unesco.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A saga dos pracinhas brasileiros na Europa

Filme italiano reconstrói a passagem do exército nacional pelo Velho Continente durante a Segunda Guerra Mundial

  
A participação do exército brasileiro na Segunda Guerra Mundial é fato pouco explorado pelo cinema nacional – com exceção de alguns documentários. O filme A montanha, que acaba de ser rodado na Itália, deve ajudar os telespectadores a rememorar a aventura das tropas brasileiras enviadas à Europa – os nossos “pracinhas”.

  O longa-metragem é dirigido por Vicente Ferraz, autor do premiado documentário Soy Cuba. Em A montanha, Ferraz pretende retratar o dia a dia de quatro soldados brasileiros em Monte Castelo, na Itália. Eles desertaram do 11º pelotão de infantaria da Força Expedicionária Brasileira e acabaram perdidos entre as linhas alemãs e aliadas.

  Além do inimigo, tiveram de lidar com o frio e o próprio despreparo para o combate. Acompanhados por um correspondente de guerra e dois desertores, um italiano e um alemão, os pracinhas resolveram realizar uma missão até então considerada impossível: desarmar o Monte Castelo, ocupado pelos alemães e inteiramente minado.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Recorde de inscritos em aulas de aramaico

Universidade de Oxford registra número inédito de alunos em curso que ensina o idioma extinto falado na época de Cristo



  Por esta nem o mais entusiasta dos professores esperava. A Universidade de Oxford começou a promover, na hora do almoço, aulas gratuitas de aramaico. Acostumados a lecionar essa disciplina para três ou quatro estudantes, os professores do Departamento de Estudos Orientais da universidade se espantaram com o número de interessados este ano. Só na primeira aula foram 56 alunos, vindos de várias cidades da Inglaterra, além de historiadores e professores da própria universidade.

  O aramaico, idioma com mais de três mil anos de idade utilizado por diversos povos do Oriente Médio, foi a língua administrativa e religiosa de diversos impérios da Antiguidade, e, de acordo com a Bíblia, teria sido a língua falada por Cristo. Apesar de hoje ser considerada uma língua em risco de extinção, na Universidade de Oxford ela passa por um revival.

  As aulas fazem parte do Projeto Arshama, uma colaboração entre as Universidades de Oxford e Liverpool que visa estudar 13 cartas do século V a.C., escritas em aramaico imperial, um dialeto usado no Império Persa. As apostilas usadas nos cursos da língua de Cristo estão disponíveis no site http://arshama.classics.ox.ac.uk/aramaic/index.html 

quarta-feira, 9 de março de 2011

Um guia de raridades sobre o Brasil


Obra editada originalmente em inglês, que lista fontes pouco conhecidas sobre a história do país, ganha primeira versão em português

  Um dos mais importantes guias de livros raros que tratam do Brasil, a Bibliographia Brasiliana, de Rubens Borba de Moraes (1899-1986), acaba de ganhar a primeira versão em português, mais de 50 anos depois da publicação original, em inglês. A obra foi lançada em 1958, em Amsterdã, na Holanda, e posteriormente revista e ampliada por Borba de Moraes, em 1983. Só agora, no entanto, o guia ganhou uma edição brasileira.

  Os livros apresentam comentários e descrições sobre obras raras publicadas sobre o país entre 1504 e 1900, e mencionam publicações de autores brasileiros do período colonial, que foram impressos fora do Brasil.
  A nova edição da obra foi uma inciativa do empresário e bibliófilo José Mindlin, quatro anos antes de falecer, no ano passado. Borba e Mindlin eram amigos e tinham em comum a paixão por livros. A edição em português foi baseada em anotações e correções feitas pelo autor em um exemplar publicado em 1983. O livro faz parte da Biblioteca de Guita e José Mindlin, doada à USP e continha uma nota de Borba de Moraes com o título: “Instruções para uma improvável edição póstuma lá pelo ano de 2003”.

  O autor de Bibliographia Brasiliana foi um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922 e diretor da Biblioteca Municipal de São Paulo, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Centro de Informações das Nações Unidas em Paris e Biblioteca das Nações Unidas, em Nova York.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ciência de ponta no Brasil do século XIX

Periódico com mais de 100 anos que divulgava as grandes descobertas científicas do período ganha versão digital gratuita

  O século XIX, com a explosão, no mundo todo, da imprensa e dos almanaques, viveu a febre da divulgação científica, entendida então como o caminho para o progresso. Entre os inúmeros periódicos – muitos de curta duração – que surgiram no período no Brasil, Moema de Rezende Vergara, professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e pesquisadora do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), identificou um em especial.
  O vulgarisador: jornal dos conhecimentos úteis teve suas 38 edições analisadas pela professora e seu conteúdo, tanto de texto como imagens, reproduzido em um hotsite inserido na página da internet do Mast.

  O jornal era recheado de gravuras com o intuito de “vulgarizar”, ou divulgar ao máximo possível de leitores o conhecimento científico de ponta da época. Para isso, o periódico contava também com outros atrativos, como textos de cronistas de sucesso da época, como José Alencar. O vulgarisador foi editado pelo português Augusto Emílio Zaluar (1825-1882), que se tornaria o primeiro escritor de ficção científica do Brasil. A coleção completa do jornal está conservada pela seção de Obras Raras da Biblioteca Nacional e agora pode ser acessada, na íntegra, na internet.