segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Druida perde luta contra universidade

Britânico batalhava na Justiça para que restos mortais de 5 mil anos encontrados em Stonehenge fossem devolvidos ao local de origem


   O druida King Arthur Uther Pendragon não é um personagem de livro ou filme sobre os celtas. É um ex-militar que vive em Wiltshire, condado no sul da Inglaterra, trocou legalmente seu nome – antes se chamava John Rothwell – e se tornou um líder druida moderno. Ele acaba de perder uma batalha na Justiça britânica na qual exigia que arqueólogos da Universidade de Sheffield interrompessem as pesquisas realizadas no monumento megalítico de Stonehenge e devolvessem os restos mortais de cerca de 50 corpos de 5 mil anos que foram exumados do local para estudo.

    Segundo Pendragon, as ossadas eram de membros da “linhagem real”, sacerdotes que podem ter sido “os pais fundadores desta nação”, disse ele, em referência à Inglaterra. Ele teme que os restos mortais, exumados em 2008, não sejam enterrados novamente no local de origem e terminem em museus. A Justiça britânica não acatou o pedido do druida, e os arqueólogos prosseguirão a pesquisa até 2015.

    Os druidas antigos eram sacerdotes, juízes e conselheiros dos povos celtas, pré-cristãos que ocuparam a Europa ocidental no segundo e primeiro milênios a.C. São posteriores a Stonehenge, mas provavelmente usavam o local para cerimônias.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

De Pelé a Dilma, todos fichados

Lote documental descoberto nos arquivos do Dops de Santos revela personalidades que foram perseguidas pelo órgão do governo militar


   O que Dilma Rousseff, Pelé, Frei Betto, Mário Covas, o bispo diocesano de Santos e Che Guevara têm em comum? Todos foram fichados pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de Santos durante a ditadura. Essas informações fazem parte de um lote de documentos pertencentes ao órgão, descobertos no ano passado na cidade do litoral paulista e agora abertos à consulta pública.

    No início de 2010, 45 mil fichas e 11.666 prontuários do Dops foram encontrados por acaso em um prédio da polícia de Santos. O material, provavelmente esquecido por mais de 25 anos, foi entregue ao Arquivo Público do Estado de São Paulo, que desde 1994 tem a custódia dos fundos do Dops/Deops. Os documentos, inéditos, foram higienizados e catalogados e agora estão disponíveis para pesquisa.

    Além de abrir essa parte do acervo encontrada em Santos, o Arquivo do Estado também anunciou que vai digitalizar 7 mil prontuários e 170 mil fichas remissivas de seu fundo Deops. Os originais serão conservados, e seu conteúdo será oferecido, pela primeira vez, na internet.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Líbano em chamas

Filme Incêndios, do diretor Denis Villeneuve, retrata saga de uma família em meio à guerra que assolou o país entre 1975 e 1990


   O diretor Denis Villeneuve não precisou dar nome aos bois. Em seu filme Incêndios, que chega às locadoras em DVD, ele conta a história de um casal de gêmeos que, após a morte da mãe, sai em busca do pai e de um irmão desconhecido. Para isso, partem ao país de origem da mãe e precisam descobrir o que ocorreu em sua juventude. O nome do lugar não é revelado, e a trama também não desvenda detalhes sobre o conflito político e religioso que mudou o destino da jovem mãe, Nawal Marwan, levando-a ao exílio no Canadá, onde os irmãos vivem.

    Essa falta de indicações é proposital. O filme foi rodado na Jordânia, mas o conflito a que se refere é a Guerra do Líbano (1975-1990), mesmo sem mencioná-la. Mas não é preciso dar nomes para reconhecer a guerra civil, identificar a cidade (Beirute) e a região das montanhas de Chouf, a prisão (Khiam), assim como os conflitos entre as falanges libanesas, cristãos, israelenses, sírios, drusos e xiitas. A estratégia é mostrar como essa barbárie, inscrita em um território imaginário, tem muito a dizer sobre o conflito político-religioso que continua vivo na região.