segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Documentários estáticos de O Cruzeiro

Exposição apresenta parte do riquíssimo acervo da revista que se tornou uma das mais importantes do país nas décadas de 1940 e 1950


Em 1928, o grupo Diários Associados lançava a revista semanal O Cruzeiro. Em pouco tempo, tornou-se uma dos mais emblemáticas  publicações da história da nossa imprensa, trazendo modernidade inédita à cobertura jornalística praticada por aqui.

A exposição Um olhar sobre O Cruzeiro: as origens do fotojornalismo no Brasil, em cartaz no Instituto Moreira Salles (RJ) até 7 de outubro, debruça-se sobre a importância da revista na consolidação do fotojornalismo nacional — nascido, pode-se dizer sem exagero, em suas páginas.

Concentrando-se nas décadas de 1940 e 1950, período considerado o mais inventivo e influente na história de revista, a mostra traz imagens produzidas por fotógrafos como Jean Manzon, Pierre Verger, Marcel Gautherot, Salomão Scliar, Indalécio Wanderley e Roberto Maia. Eles, e outros tantos profissionais, consolidaram o formato das fotorreportagens de O Cruzeiro, verdadeiros “documentários estáticos” que mostravam ao público, em imagens marcantes acompanhadas de textos curtos, ângulos inusitados e reveladores sobre assuntos de interesse público.

UM OLHAR SOBRE O CRUZEIRO: AS ORIGENS DO FOTOJORNALISMO NO BRASIL. ONDE: Instituto Moreira Salles,  Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea, Rio de Janeiro. QUANDO: de terça a domingo, das 11h às 20h. Até 7 de outubro. QUANTO: Entrada franca. CONTATO: (21) 3284-7400. SITE: http://www.ims.uol.br. 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Por dentro da Estação da Luz

Museu da Língua Portuguesa oferece visitas guiadas no terminal que é um dos principais monumentos da São Paulo do século XIX


Dedicado à valorização e difusão do nosso idioma, o Museu da Língua Portuguesa (SP) também oferece uma boa oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a história da cidade de São Paulo.  Durante os finais de semana e feriados, a instituição organiza visitas monitoradas, com duração média de 50 minutos, através das instalações da Estação Ferroivária da Luz (em cujo prédio está instalado o próprio Museu). As visitas percorrem pontos históricos e arquitetônicos da Estação, contando um pouco da história do prédio, da ferrovia Santos-Jundiaí e de seu impacto para a economia e sociedade brasileiras.

Originalmente erguida em 1867, a Estação da Luz foi, nos primeiros anos do século 20, a mais importante porta de entrada da capital paulista, concentrando também a produção de café que era exportada pelo porto de Santos.

Exemplar típico da arquitetura eclética da segunda metade do século 19, o prédio foi um dos pontos de referência do processo de urbanização da cidade; o relógio de sua torre era usado por muita gente como parâmetro de hora certa. A Estação da Luz mantém-se hoje como a segunda mais movimentada da rede metro-ferroviária de São Paulo.

VISITAS MONITORADAS À ESTAÇÃO DA LUZ. ONDE: Museu da Língua Portuguesa, Praça da Luz, s/nº, Centro, São Paulo.  QUANDO: Sábados, domingos e feriados, às 12h e 14h. QUANTO: Grátis. CONTATO: (11) 3326-0775. SITE: www.museulp.org.br

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Flagrantes do Barroco

Exposição de fotografias em cartaz no Museu Histórico Nacional, no Rio, revela os detalhes de alguns dos principais monumentos brasileiros dos séculos XVI a XVIII




Não há estado brasileiro que represente melhor o esplendor da arte e da arquitetura barrocas do que Minas Gerais. Mineiro nascido na cidade de Lavras, o fotógrafo Alex Salim entende isso perfeitamente. A exuberância dos detalhes das pinturas, esculturas e construções vigentes,especialmente nos ambientes sacros  construídos entre os séculos 16 e 18, compõe a mostra Arte Barroca Brasileira, em cartaz no Museu Histórico Nacional (RJ) até 14 de outubro.

Ainda que centrados nas igrejas mineiras, os 42 registros fotográficos de Salim também capturam o barroco presente em cidades do Nordeste do Brasil. Estudante da arquitetura do Brasil Colônia há mais de 25 anos, o fotógrafo lançou em 2010 um belo livro de fotos homônimo da exposição do MHN . A mostra é organizada em cinco blocos temáticos (Arquitetura, Azulejaria, Imaginária, Pintura e Talha), com textos explicativos a cargo de historiadores do Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (Iphan), do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Minas Gerais (IEPHA-MG) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
ARTE BARROCA BRASILEIRA. ONDE: Museu Histórico Nacional, Praça Marechal Âncora, s/nº, Centro, Rio de Janeiro. QUANDO: de terça a sexta-feira, das 10h às 17h30; sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h. Até 14 de outubro. QUANTO: R$ 8. Estudantes da rede pública, crianças até 5 anos e maiores de 65 têm entrada franca; adultos entre 60 e 65 pagam meia. CONTATO: (21) 2550-9220. SITE: http://www.museuhistoriconacional.com.br.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Uma guerra japonesa no Brasil

Filme Corações Sujos, em cartaz nos cinemas nacionais, conta a história dos conflitos no interior da comunidade japonesa no Brasil após o fim da Segunda Guerra Mundial


Para eles, a guerra não tinha terminado. A rendição era algo impensável e o exército imperial japonês, indestrutível. Mesmo depois do fim da Segunda Guerra Mundial, para os japoneses das comunidades de imigrantes do interior paulista, a derrota de seu país era inaceitável. Sem falar português e impedidos pelo governo brasileiro de receber jornais e informações em sua língua, os japoneses que viviam no Brasil presenciaram, entre 1945 e 1947, um outro tipo de guerra. Entre eles mesmos.

Eles se sentiam vivendo em solo inimigo. Controlados pela polícia, os imigrantes japoneses não podiam se reunir em grupos, ensinar sua língua, hastear sua bandeira. Por isso, muitos deles não acreditaram quando rádios brasileiras anunciaram a rendição do imperador Hirohito aos americanos. Soava como contrapropaganda inimiga. E os que acreditassem nessas manipulações eram considerados traidores da pátria. Tinham os corações sujos.

O filme <i>Corações sujos</i>, do diretor Vicente Amorim, que estreia no dia 24 de agosto em circuito nacional, retrata essa impressionante guerra dentro da colônia japonesa no Brasil depois do término da Segunda Guerra. Uma comunidade que já contava com 200 mil pessoas na época. A história se baseia em fatos reais contados pelo jornalista Fernando Morais no livro homônimo (Companhia das Letras, 2000).

O filme, falado em grande parte em japonês, traz nomes importantes do cinema nipônico no elenco, como Eiji Okuda, Tsuyoshi Ihara (protagonista de <i>Cartas de Iwo Jima</i>, de Clint Eastwood), e Shun Sugata. Em primeiro plano aparece a história ficcional de um casal, o fotógrafo Takahashi e a professora Miyuki, que ensina japonês aos filhos dos imigrantes. Inspirada nos casos retratados no livro de Morais, a trajetória do casal é um exemplo de como essa violenta guerra afetou as pessoas comuns da comunidade nipo-brasileira.

Vicente Amorim conta que, durante a realização do filme, ouviu de muitos descendentes de japoneses que “apenas um <i>gaijin</i> (um estrangeiro) poderia contar esta história”. Foi assim também quando Fernando Morais tentou desenterrar esse segredo, cuidadosamente guardado durante meio século pela comunidade que, hoje, conta com mais de 1 milhão de pessoas. Um misterioso segredo que “deixou um rastro de sangue e levou mais de 30 mil imigrantes para a cadeia”, segundo Morais.
 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Centro de São Paulo na palma da mão

Aplicativos para celular criam roteiros turísticos que passam pelos principais pontos históricos e artísticos da capital paulista


Dois aplicativos para celular criados recentemente oferecem um modo diferente de aproveitar a cidade: um audiotour pelo centro antigo e um mapa interativo que destaca as obras de arte e arquitetura da capital paulista.

O site Visite São Paulo (www.visitesaopaulo.com/roteiros) se inspirou nos audioguias, comuns em museus estrangeiros, para montar um roteiro guiado pelo centro da cidade. A visita começa pelas escadarias da catedral da Sé, passa pelo Solar da Marquesa de Santos, Pátio do Colégio, Centro Cultural Banco do Brasil, edifício Matarazzo, viaduto do Chá e termina no Vale do Anhangabaú, contando a história desses e de outros monumentos e pontos do percurso.

Já o projeto Arte Fora do Museu (www.arteforadomuseu.com.br) oferece um mapa interativo com 103 obras de arte espalhadas pela cidade. Ao clicar sobre a atração indicada, o usuário tem acesso a textos, áudio e entrevistas com críticos de arte, arquitetos e especialistas que falam sobre a importância das obras destacadas. Os dois aplicativos estão disponíveis também na loja virtual iTunes.
 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Anita Garibaldi, heroína da pátria

Catarinense entra para lista de personagens que o Estado brasileiro reconhece oficialmente como heróis da nossa história


   Ela lutou pela República durante a Guerra dos Farrapos, no sul do Brasil, contra a ditadura no Uruguai e pela independência da Itália. Anita Garibaldi (1821-1849), catarinense de Laguna, ganhou a alcunha de “heroína dos dois mundos” e agora foi oficialmente reconhecida pelo Estado brasileiro pela dedicação com a qual batalhou pela nação. O nome de Anita faz parte, desde maio, do “Livro dos heróis da pátria”.

   Chamado também de “Livro de aço”, conservado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na praça dos Três Poderes, em Brasília, o volume registra, “perpetuamente”, o nome de brasileiros tidos como heróis da nação. A distinção é feita por meio de edição de lei, publicada no Diário Oficial da União.

   Outro homenageado este ano foi o padre Roberto Landell de Moura, o brasileiro que realizou, no final do século XIX, as primeiras transmissões de rádio sem fio. Criada em 2007, a lista conta com heróis como Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, Zumbi dos Palmares, marechal Deodoro da Fonseca, D. Pedro I, duque de Caxias, Santos Dumont, José Bonifácio de Andrada e Silva, Heitor Villa-Lobos, José Hipólito da Costa, Getúlio Vargas, Chico Mendes e Anna Nery, entre outros.

 

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Turquia quer repatriar bens culturais

Governo reivindica a posse de antiguidades retiradas ilegalmente do país e contrabandeadas no início do século XX para museus americanos


   Depois do sucesso das autoridades italianas e gregas em recuperar artefatos arqueológicos retirados ilegalmente de seus lugares de origem, agora é a vez dos turcos. Acredita-se que dezenas de antiguidades do país foram escavadas e contrabandeadas no início do século XX e hoje estão espalhadas por vários museus americanos, como o Getty, de Los Angeles; o Metropolitan, de Nova York; e o Museu de Arte de Cleveland.

   Segundo o diretor de Patrimônio Histórico e Museus da Turquia, Murat Suslu, a ideia não é criar um conflito entre países, e sim iniciar um processo de cooperação. “Acredito que eles possam entender nosso ponto de vista”, afirma.

   Os pedidos de repatriação das peças foram acompanhados de provas da origem dos artefatos, e algumas das negociações começaram nos anos 1990. Em 1993 os turcos receberam de volta o chamado Tesouro da Lídia após uma batalha judicial de seis anos com o Museu Metropolitan.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Primeira Guerra ao vivo do front

Site com imagens e documentos escritos sobre o tema agora disponibiliza mais de 600 horas de filmagens feitas durante e após o conflito



   Em 2011, o projeto Europeana, arquivo digital multilíngue que reúne vasto material sobre o patrimônio cultural e científico produzido na Europa, começou a montar um grande acervo sobre a Primeira Guerra Mundial. Depois de disponibilizar fotos e registros escritos, o portal acaba de lançar um site no qual é possível acessar 650 horas de filmagens realizadas durante e depois do conflito.

   O European Film Gateway 1914 (http://project.efg1914.eu) é resultado de um projeto de dois anos, que digitalizou documentários, curtas-metragens e filmes de ficção resgatados de 40 cinematecas e arquivos de vários países. Os especialistas no tema acreditam que até agora 80% do material cinematográfico produzido foi perdido por problemas de conservação.

   O restante sobreviveu até agora em formato analógico, o que torna difícil o acesso aos filmes. Segundo Jill Cousins, diretor do Europeana, a digitalização ajuda a preservar o que se salvou e será uma fonte preciosa para historiadores, escolas, cineastas e pesquisadores, especialmente em 2014, ano do centenário do início da Primeira Guerra Mundial.
 

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Notícias do inferno nazista

Descendente de judeus alemães cria site com cartões-postais trocados entre seus pais e avós durante a Segunda Guerra Mundial


   O escritor sueco Torkel S. Wächter está usando a internet para curar uma antiga ferida. Filho e neto de judeus alemães perseguidos durante a Segunda Guerra, ele passou 50 anos odiando a pátria de seus ancestrais até descobrir uma coleção de 32 cartões-postais trocados entre o pai, Walter, que fugiu para a Suécia na época do conflito, e os avós, Minna e Gustav, que permaneceram na Alemanha e acabaram deportados para a Letônia e assassinados. Agora Torkel está publicando essa comovente troca de correspondências no site www.32postkarten.com.

   Ele conta que herdou o sentimento antigermânico do pai, que nunca lhe contou a verdadeira história da família durante o conflito. O segredo só veio à tona após a morte de Walter Wächter, quando Torkel descobriu a coleção de 32 cartões-postais que dão nome e vida a seu projeto.

  Numa “simulação de tempo real”, os postais foram publicados no site nos mesmos dias em que foram escritos, há 70 anos. O último é de 6 de dezembro de 1941, quando Minna e Gustav foram deportados para a Letônia e assassinados.

   “Hoje entendo que o sentimento do meu pai em relação à Alemanha era mais complicado que ódio. Talvez seja mais bem descrito como um amor traído”, explica Torkel.
 

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Entre a repressão e a psicodelia

Filme Uma longa viagem faz um retrato do autoritarismo político, do experimentalismo e do abuso de drogas que marcaram as décadas de 1960 e 1970



   Na década de 1960, a família de Heitor decidiu mandá-lo ao exterior para evitar que ele entrasse na luta armada contra a ditadura militar no Brasil. Durante nove anos ele deu a volta ao mundo duas vezes, e tudo parecia bem a julgar pelas cartas que mandava para a família, até que um dia ele apareceu internado em uma casa de saúde na Índia. Esse é o ponto de partida do outro lado dessa história, que sua irmã, a cineasta e ex-presa política Lúcia Murat, conta no documentário Uma longa viagem.

   No filme aparecem as duas versões da viagem de Heitor (interpretado por Caio Blat). A que podia ser escrita nas cartas para uma família de classe média da época e as entrevistas feitas com ele pela irmã, nas quais ele conta suas experiências na “swinging London” do final dos anos 1960, o mergulho nas drogas no Afeganistão e na Índia dos anos 1970 e a prisão na Holanda por tráfico de entorpecentes. Dessa forma, o documentário mostra as duas faces das conturbadas décadas de 1960 e 1970: de um lado, a repressão dos Anos de Chumbo no Brasil; de outro, os excessos da psicodelia na Europa e na Ásia.
UMA LONGA VIAGEM (Brasil, 2012). Direção: Lúcia Murat. Distribuição: Vitrine Filmes. Estreia prevista para 11 de maio.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A arte da resistência chilena

Exposição que passa por três cidades brasileiras reúne obras produzidas por presos políticos do regime de Pinochet


   Durante a ditadura, mulheres chilenas utilizaram uma espécie de tapete fabricado artesanalmente com retalhos de tecido, costurados sobre uma base de linho ou saco de farinha, para passar recados e denunciar os acontecimentos que marcaram o regime autoritário que governou o país entre 1973 e 1990. Uma coleção dessas peças, chamadas de arpilleras, foi reunida pela filósofa Roberta Bacic e forma a exposição “Arpilleras da resistência política chilena”, que passará por Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

   A mostra conta com 30 peças produzidas por mulheres presas ou cujos familiares foram encarcerados, torturados e assassinados durante a ditadura. Além do valor artístico, os trabalhos vendidos serviam para ajudar no orçamento doméstico das artesãs, que frequentemente se reuniam em comunidades ou entidades da sociedade civil. Segundo Clara Politi, produtora da exposição, as imagens representadas nas peças eram uma maneira de mostrar o que acontecia no país para a população local e os estrangeiros.

ARPILLER AS DA RESISTÊNCIA POLÍTICA CHILENA.  QUANDO E ONDE: de 7 a 14 de maio no Memorial de Curitiba; de 18 a 24 de maio no Centro Cultural UFMG, em Belo Horizonte; de 29 de maio a 5 de junho no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Imagens do deserto

Filme O príncipe do deserto, em cartaz nos cinemas brasileiros, retrata disputas por petróleo no mundo árabe do início do século XX


   Disputa por petróleo, costumes tradicionais do mundo árabe, paisagens do deserto no início do século XX: esses são os ingredientes principais de O príncipe do deserto, filme dirigido por Jean-Jacques Annaud – o mesmo de Círculo de fogo, O nome da rosa e Sete anos no Tibet –, atualmente em cartaz.

   Nos anos 1930, depois de uma luta de dois líderes guerreiros nos Emirados Árabes, a vitória do emir de Hobeika, Nesib (vivido por Antonio Banderas), lhe dá o direito de ditar os termos de paz para Ammar, sultão de Salmaah (interpretado por Mark Strong). O acordo entre os dois é deixar intocado o território batizado de Faixa Amarela. Em troca Nesib adota os filhos de Ammar, segundo os costumes tribais do local.

   Anos depois, um dos jovens quer conhecer a terra de seu pai ao mesmo tempo em que o homem que o criou descobre, por intermédio de um americano, a existência de petróleo na Faixa Amarela. Por ganância, Nesib arranja o casamento de sua filha com um dos filhos adotivos e tenta reconquistar o território do inimigo. O conflito rende batalhas espetaculares e uma história de amor entre o príncipe guerreiro que luta pela paz e sua irmã adotiva, Leyla (vivida por Freida Pinto).

terça-feira, 17 de abril de 2012

Hitler na Patagônia?

Livro reascende uma “lenda” antiga, segundo a qual o líder nazista teria sobrevivido ao fim da guerra e fugido com Eva Braun para a Argentina


   Adolf Hitler é uma figura inconfundível, mas, ao que parece, ele passou anos despercebido na Argentina, onde teria se refugiado depois da Segunda Guerra Mundial. Pelo menos é isso que afirmam os jornalistas ingleses Simon Dunstan e Gerrard Williams, autores do livro Grey wolf – The escape of Adolf Hitler (Lobo cinza – A fuga de Adolf Hitler), lançado no fim do ano passado e ainda inédito no Brasil. A história não é novidade, mas o lançamento reacendeu a polêmica levantada, em 2006, pelo escritor argentino Abel Basti em seu livro Hitler em Argentina (inédito no Brasil).

    Independentemente da guerra judicial que Basti agora trava contra Dunstan e Williams, acusando-os de plágio, fato é que a “lenda” a respeito da morte do ditador nazista existe. Segundo ela, Hitler não teria cometido suicídio em um bunker na Alemanha, mas sim fugido para a Espanha e, depois, para a Argentina, com sua companheira, Eva Braun, em 1945. Durante 20 anos, o casal teria vivido numa mansão nas montanhas da cidade de Villa La Angostura, na Patagônia. Havia uma forte presença alemã na Argentina e até um partido nazista local. “A grande comunidade de proprietários de terra alemães no país deu a Hitler e seus seguidores o esconderijo perfeito”, diz Williams.

    Já em 1945, questionava-se o suicídio do Führer. Inglaterra e Suécia, por exemplo, davam mais crédito à versão de que a saúde de Hitler estava tão abalada que ele nem teria participado da defesa de Berlim. Sua morte teria sido causada por uma hemorragia ou comoção cerebral. Mas, segundo Williams, existem testemunhas, reportagens e documentos do FBI que atestam a presença de Hitler na Argentina. “Uma das peças-chave são os relatórios do julgamento do piloto que o tirou de Berlim, detalhados em matérias da Reuters e da Associated Press de Varsóvia em 1947. Até hoje, essas evidências haviam sido ignoradas pelos historiadores”, afirma o jornalista.

    Ainda assim, a fuga – ou morte – do ditador segue cercada de mistério. Em 2009, análises de DNA realizadas nos laboratórios da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, mostraram que o suposto crânio de Hitler encontrado no bunker e guardado pelos russos era, na verdade, de uma mulher com menos de 40 anos. “A real história do fim da Segunda Guerra e de como os membros da inteligência americana ajudaram os nazistas depois está apenas começando a aparecer”, sentencia o autor inglês.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Listas contam história da imigração

Museu da Imigração vai disponibilizar na internet as listas de bordo dos navios que chegaram a São Paulo entre 1854 e 1962


   Até junho de 2012, o projeto Memória da Imigração deve disponibilizar para consulta pública no site do Museu da Imigração (www.museudaimigração.com.br) versões digitalizadas de cerca de 66 mil listas de bordo de navios que chegaram ao estado entre 1854 e 1962. O projeto é uma parceria entre a Secretaria Estadual de Cultura e o Arquivo Público do Estado de São Paulo.

   Além das listas, há milhares de outros documentos disponíveis para consulta pública, como páginas de jornais, mapas, fotografias e cartões-postais. Para que tudo isso chegasse à internet foi realizado um trabalho de mais de um ano de organização, conservação e preservação, digitalização e tratamento de imagem.

   Atualmente, o próprio site do Arquivo Público do Estado de São Paulo disponibiliza cerca de 330 listas de bordo digitalizadas especialmente para o site Memória da Imigração do Estado de São Paulo. Já o acervo digital do Museu da Imigração conta com 87 mil itens que ilustram um pedaço importante da história do estado.

terça-feira, 3 de abril de 2012

São Luís, capital americana da cultura

A cidade maranhense, que completa 400 anos em 2012, foi eleita o principal centro histórico e cultural do continente


   O ano de 2012 será especial para a cidade de São Luís do Maranhão. Além de comemorar 400 anos, a única capital brasileira fundada por franceses foi eleita Capital Americana da Cultura.

   O conceito de Capital Cultural surgiu em 1985, quando a então ministra da Cultura da Grécia, Melina Mercouri, propôs uma iniciativa intergovernamental que ajudasse a valorizar e promover a riqueza cultural europeia. A primeira Capital Europeia da Cultura foi Atenas, e o sucesso da experiência disseminou a ideia. Em meados da década de 1990, foram criadasvas Capitais da Cultura árabes e americanas.

   Para vencer a eleição, São Luís apresentou um projeto cultural que foi analisado por um comitê ainda em 2010. Depois de certificada, no ano seguinte, foi realizada uma campanha com votação popular para eleger os sete tesouros do patrimônio cultural material da cidade. Foram eleitas a Azulejaria, o Convento das Mercês, a Igreja da Sé, o Palácio dos Leões, a Praça Gonçalves Dias, a Rua Portugal e o Teatro Arthur Azevedo.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Democracia, uma obra inacabada

Em 2012, São Paulo ganhará museu que conta a trajetória de nosso país até se tornar um Estado democrático de direito


   O Brasil percorreu um longo caminho de lutas para se tornar um Estado democrático de direito, e agora uma instituição pretende contar essa história: o Museu da Democracia, concebido pela Fundação Mário Covas. O projeto da entidade foi elaborado pelo jornalista e escritor Roberto Pompeu de Toledo e pelo historiador Marco Antonio Villa.

    O Museu da Democracia pretende ser um espaço de difusão da cultura democrática por meio de exposições, debates, seminários, cursos e outros eventos. A instituição também vai reunir depoimentos de personagens históricos, documentos, fotos, objetos, textos e vídeos. A primeira etapa do projeto consiste na criação de um museu virtual, a ser lançado até o primeiro semestre de 2012. A sede física do museu ocupará as instalações da antiga Secretaria de Segurança Pública, na avenida Higienópolis, em São Paulo. Ainda não há data prevista para sua abertura. Por enquanto, o processo de criação do museu pode ser acompanhado pelo site oficial da instituição.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Um memorial do holocausto no Brasil

Acervo da instituição, a primeira do gênero em nosso país, aborda a perseguição aos judeus na Europa no século XX e os fluxos migratórios para o Brasil


   Curitiba entrou na lista das cidades do mundo que contam com uma instituição dedicada ao tema das perseguições aos judeus no século XX. Este mês o Museu do Holocausto será aberto à visitação e conta com uma exposição de longa duração que abrange um período que vai da década de 1920 até os dias de hoje. A mostra aborda desde a época pré-nazista na Europa até as consequências do Holocausto para a comunidade mundial, incluindo os fluxos migratórios para vários países, entre os quais o Brasil.

    O acervo inclui documentos, objetos pessoais e simbólicos relacionados ao tema, graças às parcerias com instituições museológicas nacionais e internacionais, além de doações feitas pela comunidade judaica. Um dos exemplos é um fragmento da Torá, o livro sagrado do judaísmo, doado pelo Museu do Holocausto de Jerusalém, e um cartão de racionamento alimentar usado no campo de Buchenwald, na Alemanha.

    Outro objeto curioso é uma réplica da boneca de Zofia Burowska, que viveu nos guetos de Wolbrum e Cracóvia, na Polônia. Depois de passar por vários campos de concentração, ela acabou libertada na Alemanha e recuperou a boneca, que havia sido guardada por amigos não judeus em Cracóvia.

    Durante a visita, as histórias contadas são tristes e há imagens duras, porém não faltam elementos curiosos como o violino exposto em uma das salas do museu. Ele pertenceu ao garoto Mordechai Schlein, que aos 12 anos encantou nazistas com o som do instrumento. Eles não sabiam, porém, que Mordechai, ou Motele como era chamado, roubava explosivos e guardava no estojo do violino. Foi convidado para divertir os oficiais durante semanas e, um dia, depois de tocar acabou explodindo o local com os nazistas dentro, em 1941. O garoto morreu dois anos depois em uma batalha.

    “São cenas difíceis de serem vistas. Mas foram atos cometidos por seres humanos. Então, a ideia é lutar contra a intolerância e fazer com que a gente consiga viver em um mundo melhor”, diz Miguel Krigsner, idealizador do museu. A família do pai do empresário, de origem polonesa, conseguiu escapar do nazismo. Miguel vive no Brasil desde 1961.

    Além de colocar à disposição do público material audiovisual, o museu abre espaço para a discussão e reflexão sobre o preconceito e a violência, tomando a questão judaica como exemplo e abordando também outros exemplos de genocídios ocorridos ao longo do século XX. A coordenação da instituição conseguiu reunir depoimentos de 14 judeus sobreviventes da Segunda Guerra Mundial, que mais tarde se estabeleceram em Curitiba. Entre elas está a polonesa Bunia Finkel, que passou 495 dias dentro de um buraco cavado em um celeiro. “Meu pai marcava cada dia com um risco”, conta.

MUSEU DO HOLOCAUSTO. ONDE: Rua Coronel Agostinho Macedo, 248, Curitiba (PR). QUANDO: Visitas a partir de 12 de fevereiro de 2012, mediante agendamento, de terça a domingo. CONTATO: www.museudoholocausto.org.br

segunda-feira, 5 de março de 2012

Galileu não foi o primeiro a dizer que a Terra gira em torno do Sol

Suas ideias mudaram tudo o que se sabia sobre o movimento dos astros, certo? Errado!

   É comum atribuir ao italiano Galileu Galilei (1564-1642) a criação do heliocentrismo. Apesar de o astrônomo renascentista ter contribuído muito para a aceitação dessa teoria no meio científico, a ideia de que a Terra se move em torno do Sol já vinha se desenvolvendo desde a Antiguidade.

    No século V a.C., o filósofo grego Filolau formulou pela primeira vez a hipótese de que nosso planeta não ocupava o centro do Universo. Para ele, a Terra girava em torno de um “fogo central”, cuja luz era somente refletida pelo Sol. Posteriormente, no século V d.C., astrônomos indianos elaboraram teorias sugerindo que o globo terrestre orbitava ao redor do Sol e mencionando o que chamaríamos mais tarde de “lei da gravidade”.

    Estudos do tipo continuaram a ser produzidos em plena Idade Média, mas o geocentrismo de Aristóteles e Ptolomeu perdurou, graças à Igreja Católica, como forma mais aceita de entender o movimento do planeta.

    Foi preciso esperar até o século XVI para que o heliocentrismo alcançasse o status de teoria científica, e devemos esse avanço não a Galileu, mas ao médico e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543). Suas pesquisas resultaram na obra Das revoluções das esferas celestes, concluída em 1530 e publicada em 1543, na cidade de Nuremberg, pouco antes da sua morte.


   O livro contradizia abertamente a Bíblia, e os opositores do heliocentrismo se multiplicaram contra a chamada “revolução copernicana”. A ideia de que a Terra girava em torno de si própria e, assim como todos os demais planetas conhecidos, em torno do Sol rendeu críticas ferrenhas vindas de nomes como Martinho Lutero (1483-1546), que chegou a chamar o cientista de “paspalho”.

    A obra de Copérnico foi continuada por cientistas como o matemático alemão Johannes Kepler (1571-1630) e, principalmente, por Galileu. Suas descobertas confirmaram a coerência do heliocentrismo, do qual o italiano se tornou um defensor fervoroso, e mostraram uma série de falhas no sistema geocêntrico.

    Em 1616, o heliocentrismo foi renegado oficialmente pela Igreja, e a obra-prima de Copérnico foi posta no índex (lista de livros considerados heréticos pela autoridade eclesiástica). Mesmo assim, Galileu continuou seus trabalhos e, protegido pelo papa Urbano VIII (1568-1644), publicou em 1632 o livro Diálogo sobre os dois grandes sistemas do mundo, um misto de elogio ao heliocentrismo e escárnio do geocentrismo.

    A repercussão da obra foi enorme e, para seu autor, trágica: Galileu foi condenado à prisão perpétua pela Inquisição e seu texto foi proibido. Graças à influência de Urbano VIII, sua pena foi transformada em reclusão domiciliar, mas o tempo da punição não foi diminuído.

    A censura às obras que defendiam o heliocentrismo só foi revogada mais de um século depois, em 1757, pelo papa Bento XIV (1675-1758). Somente então passamos a redescobrir a genialidade de Galileu, que, embora não seja criador do heliocentrismo, teve um peso inegável na construção da visão que hoje temos do Universo.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Uma ponta de estoque nazista

Folheto de 1926 anunciando roupas e equipamentos do Partido de Hitler como artigos esportivos revela a reorganização militar da Alemanha no período entreguerras


   Em 11 de dezembro de 1926, o comissário especial adjunto da cidade de Lauterburgo, na fronteira entre a França e a Alemanha, escreveu um relatório ao diretor de Serviços Gerais da polícia da Alsácia e Lorena: “Tenho a honra de enviar-lhes em anexo a folha de propaganda de equipamentos das sociedades nacionalistas alemãs, que se encontram hoje em Lauterburgo no trem Ludwigshafen, nº 566, compartimento de 3ª classe. Nenhum viajante alemão encontrava-se no compartimento e não pude identificar por meio de quem essa folha foi colocada nesse trem”.

    Os comissários especiais das estradas de ferro eram uma espécie de ancestrais dos funcionários do Serviço de Informações Gerais da França. Eles exerciam uma verdadeira vigilância política de todo o território francês. De 1915 a 1936, seus relatórios, assim como os dos representantes diplomáticos, além de recortes de jornais, panfletos, cartazes, folhetos e fotografias sobre a Alemanha do período entreguerras, foram reunidos pelo Serviço de Informações. Hoje, estão conservados nos Arquivos Nacionais franceses, na subsérie “Polícia Geral”.

    Naquele ano de 1926, as manifestações dos partidários de Hitler multiplicavam-se, e a propaganda contra o Tratado de Versalhes ou a ocupação da Renânia era cada vez mais virulenta. A campanha, arma de guerra do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP, na sigla em alemão, mais conhecido como Partido Nazista), visava particularmente as regiões da Alsácia e Lorena.

    Por isso, esse folheto de propaganda, encontrado em um trem no mesmo dia da publicação do segundo volume de Mein Kampf, é significativo. A começar pelo título: “Expedição de artigos esportivos”. Observadores da época registraram o incrível desenvolvimento de associações esportivas ou de ex-combatentes, que serviam como uma espécie de “cobertura” à reorganização militar da Alemanha. A descrição desses “artigos esportivos” é edificante: tecidos militares, grevas (faixas de proteção para a canela, usada em uniformes militares), mosquetões, insígnias oficiais etc. Não havia dúvidas: era Hitler que os vendia. Não se encomendava uma camisa do NSDAP, mas uma camisa, boné, casaco ou calça “Hitler”. A suástica aparecia em todos os formatos (emblemas, insígnias, estandartes ou lenços). E as entregas eram feitas em grande quantidade.

    O Serviço de Informações francês recebeu uma série de notas e relatórios que descreviam as demonstrações de força dos nazistas e, posteriormente, sua ascensão ao poder. Dessa forma, o departamento acumularia testemunhos sobre o rearmamento, o antissemitismo ou o surgimento dos primeiros campos de concentração alemães. Na última caixa de arquivo que conservava esses documentos, encontram-se, datados de 1935, relatórios intitulados “Organizações e métodos da Gestapo no exterior”, “Constituição de novas unidades militares na Alemanha”, “Congresso mundial da liga antijudeus de Nuremberg”. Uma mostra de que já estava tudo a caminho.

Transcrição do documento Expedição de artigos esportivos

Lambrecht (Palatinado), Obere Markstrasse 33
Cheque postal Ludwigshagen 10 435.

Preços correntes

A verdadeira camisa HITLER, cáqui, com gravata, todos os membros do partido, boa qualidade: 7,25 marcos a peça

Boné Hitler, cáqui, modelo regulamentar: 2,50 marcos a peça

Casaco Hitler, cáqui: 17,50 marcos a peça

Calça Hitler, cáqui, modelo Breeches, couro inglês: 18,50 marcos a peça

Tecido pura lã, cáqui, para terno Hitler: 16,50 marcos o metro

Tecido militar (Feldgrau): 5,60 marcos o metro

Grevas formato militar 260⁄8 cm (tecido cruzado): 0,75 marcos o par

Braçadeira com suástica: 0,40 marcos a peça

Cinturão (couro) com fivela suástica: 5,80 marcos a peça

Boldrié com fecho-mosquetão: lote por 2,20 marcos a peça

Mochila nova de pele de vitelo com forro de tecido: 5,50 marcos a peça

Galão de champanhe 3⁄4 de litro, recoberto por tecido com fecho-mosquetão: 1,20 marcos a peça

Correia de montaria e gamela: 0,40 marcos

Lona para barraca nova 165 + 165 c⁄m: 15,00 marcos

Insígnia de oficial com suástica: 0,25 marcos

Insígnia de oficial preto-branco-vermelho: 0,20 marcos

Insígnia N.S.P.R.P.: 50 centavos de marco (pfennig)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

José de Alencar em versão digital

Manuscritos inéditos do célebre escritor brasileiro, incluindo trechos de romances inacabados, serão colocados gratuitamente na internet



   Ele era o “inimigo do rei”, nas palavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava desafetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”. Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O guarani e Iracema, tido como o pai do romance no Brasil. Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor de jornal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas facetas desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada.

   Vindos de diversos acervos, 29 manuscritos – alguns com mais de 160 anos – serão colocados à disposição do público nos computadores da Casa de José de Alencar, em Fortaleza, em maio. Entre eles, há anotações, rascunhos, croquis, cadernos com trechos de romances e ensaios, e partes de seu primeiro livro, escrito quando tinha 18 anos e não concluído.

   Localizada no bairro de Messejana, a Casa de José de Alencar foi a morada do escritor durante nove anos. Hoje, o local é aberto a visitas e pertence à Universidade Federal do Ceará.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Rio de Janeiro vai recuperar bondes

Com ajuda de Lisboa, capital carioca pretende restaurar uma das principais atrações turísticas da cidade até 2013




   Um acidente em agosto de 2011, com um saldo de seis mortos e 57 feridos, resultou na suspensão das atividades de um dos programas turísticos mais procurados do Rio de Janeiro: o passeio de bonde em Santa Teresa. Recentemente, o governo fluminense anunciou obras de recuperação nas linhas e reabertura prevista para 2013. A solução técnica para revitalizar esses bondes históricos virá da outra única cidade no mundo que mantém um sistema parecido: Lisboa.

    Foi assinada uma parceria técnica com a empresa pública Companhia Carris de Ferro de Lisboa, que mantém o sistema de bondes – ou “eléctricos”, como são chamados – na capital portuguesa. Há várias semelhanças entre os bondes cariocas e os eléctricos lisboetas, que os diferem dos demais trens turísticos em atividade no mundo: os veículos são antigos, com tecnologia do princípio do século passado, operam em linhas com inclinações superiores a 10% e curvas com raios inferiores a 15 metros, sem possuir sistema por cabo ou cremalheira.

    Os bondes de Santa Teresa são os últimos representantes desse tipo de veículo em todo o Brasil que ainda servem para o transporte público. Sua recuperação tem investimento previsto em R$ 40 milhões.