segunda-feira, 12 de setembro de 2011

História às margens do Velho Chico

Iphan faz inventário inédito do patrimônio histórico e cultural das cidades e regiões banhadas pelo rio São Francisco






   Ao longo de cinco séculos, indígenas, jesuítas, colonizadores portugueses e holandeses, escravos, bandeirantes, garimpeiros, sertanejos, pescadores e viajantes deixaram vestígios de diferentes etapas da história do país nas margens do rio São Francisco. Esse patrimônio agora está devidamente catalogado em um inventário produzido por técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O levantamento é resultado de um trabalho de três anos, período em que a equipe percorreu 1.600 km do rio, passando por 90 localidades e cadastrando os bens culturais localizados nas margens do “Velho Chico”.

    O inventário identifica três regiões históricas do rio durante o período colonial: o alto São Francisco, com a ação dos bandeirantes exploradores de ouro; o médio, região de ocupação pecuária; e o baixo, área de ocupação de missionários católicos.

    No período imperial, destaca-se a implantação da estrada de ferro e da navegação mercante, que intensificaram o comércio entre as várias regiões do país. Datam do período republicano a construção de hidrelétricas no médio São Francisco e os projetos governamentais para aproveitamento de suas águas para fins agrícolas, agropecuários e agroindustriais.


   O patrimônio cultural da calha do rio São Francisco inclui diversas construções históricas, como igrejas e vestígios de missões jesuíticas; conjuntos urbanos de arquitetura art-déco e eclética, marcos do apogeu econômico do vale do São Francisco a partir da segunda metade do século XIX até o início do XX; além de fazendas e propriedades da época da mineração no Alto São Francisco.

    O levantamento do Iphan relaciona também o patrimônio imaterial – artesanato, tradições, folclores, festas religiosas e manifestações linguísticas –, arqueológico e espeleológico da região, com centenas de sítios identificados, pinturas rupestres etc.

    O objetivo do inventário é subsidiar projetos de proteção e salvaguarda do patrimônio identificado, envolvendo órgãos dos ministérios do Meio Ambiente, das Minas e Energia e da Pesca e Aquicultura, Agência Nacional de Águas e o Iphan. Isso porque o levantamento revelou como certas paisagens naturais estão deterioradas e como o patrimônio histórico e cultural está “descaracterizado, disperso ou submerso nas águas das represas formadas ao longo do rio São Francisco”.

    Entre as propostas e sugestões de salvaguarda e proteção estão o tombamento das igrejas do baixo São Francisco – em especial a de São Pedro, em Porto da Folha (SE); da fazenda Mundo Novo, em Canindé de São Francisco (SE); da gruta de Bom Jesus da Lapa (BA); do conjunto arquitetônico e urbanístico de Floresta (PE); do patrimônio arquitetônico rural na serra da Canastra e lagoa da Prata (MG); das formações geológicas do vale do Peruaçu (MG); a salvaguarda da técnica de produção da canoa de tolda (embarcação típica da região da bacia do rio); e o tombamento da própria foz do São Francisco.

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