segunda-feira, 25 de abril de 2011

URSS colocou a vida de Gagarin em risco

Documentos que acabam de ser revelados mostram que o governo soviético abriu mão de medidas de segurança para vencer a corrida espacial

   

   Não é difícil imaginar os riscos que o cosmonauta russo Yuri Gagarin enfrentou quando realizou a primeira viagem do homem para o espaço. Afinal, a tecnologia que moveu a Vostok, nave que levou o militar à órbita terrestre no dia 12 de abril 1961, era precária, experimental e muito inferior à que possuímos hoje.

   O que não se sabia até recentemente é que as autoridades soviéticas tomaram conhecimento de várias falhas técnicas no equipamento usado por Gagarin, mas decidiram prosseguir com a missão, arriscando a vida do piloto em nome da chamada corrida espacial, disputada com a outra superpotência da Guerra Fria, os Estados Unidos.

   Essas informações, divulgadas pelo jornal Der Spiegel, vieram à tona por meio de documentos do período que o governo russo acabou de revelar. A papelada mostra, por exemplo, que dois dias antes do vôo de Gagarin, cientistas descobriram que sua roupa tinha peso superior ao permitido para embarcar na Vostok. A solução encontrada foi remover alguns equipamentos do traje, incluindo peças essenciais como sensores de temperatura e pressão. Outra decisão tomada pelos coordenadores da missão foi a de não incluir sistemas de emergência na espaçonave, acionados, por exemplo, em caso de incêndio ou falha no lançamento.

   Essas medidas ocasionaram problemas sérios ao cosmonauta. Durante o vôo, por exemplo, sabe-se que Gagarin quase não conseguiu acionar o sistema de respiração de seu traje espacial.

   De acordo com os documentos, lidos pela primeira vez pelo também cosmonauta Yuri Baturin, o governo da União Soviética esperava ganhar tempo com essa simplificação da tecnologia usada por Gagarin, assumindo, assim, a dianteira na corrida espacial.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A pedra mágica dos navegadores vikings

Pesquisadores afirmam que cristal descrito em mitos escandinavos pode realmente ter sido usado como bússola para dias nublados

   

Segundo lendas vikings, os navegadores do Atlântico Norte costumavam apontar um cristal em direção ao céu para descobrir a posição do Sol em dias de céu encoberto. Por muito tempo a prática foi considerada um mito, até que arqueólogos levantaram a hipótese de que o método poderia ter base científica e de que a pedra usada seria a calcita, cristal comum na Escandinávia.

   A explicação do fenômeno está relacionada à polarização da luz. Normalmente, para cada onda eletromagnética de uma fonte luminosa há um feixe que vibra em um plano perpendicular. Assim, a dispersão dos raios em moléculas de ar provoca a polarização, cuja tangente fica visível mesmo quando há nuvens ou neblina. Dessa maneira, ao segurar um cristal e girá-lo é possível verificar a direção da polarização e deduzir a posição do Sol.

   Recentemente, os pesquisadores Gábor Horváth, da Universidade de Eötvös, de Budapeste, e Susanne Åkessor, da Universidade de Lund, na Suécia, testaram o método e concluíram que a polarização ocorria de modo similar em dias límpidos e de céu encoberto. Ainda faltam, porém, provas arqueológicas de que os vikings utilizavam esse método, como lembra o pesquisador Seán McGrail, da Universidade de Oxford.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

História Geral da África é lançada em SP

Mais importante obra de referência sobre o continente está disponível para download gratuito na internet e vai subsidiar ensino do tema

   

6 de abril de 2011 foi um dia de festa no Tucarena. O anfiteatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi palco de um evento considerado histórico para o movimento negro brasileiro: o lançamento da primeira edição integral em português da coleção História Geral da África – Unesco.

   Em oito volumes, a obra é o mais importante estudo já realizado sobre o continente e sua produção foi muito mais do que um projeto de erudição acadêmica. Trata-se de uma importante empreitada política, como lembrou Petronilha Gonçalves da Silva, professora titular de ensino e aprendizagem de relações étnico-raciais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e integrante do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) da mesma instituição.

   A coleção começou a ser elaborada por um comitê científico reunido pela Unesco na década de 1960, logo após as independências dos países africanos, que até então eram, em sua grande maioria, colônias de potências europeias. O objetivo era produzir uma obra para provar que uma das máximas da historiografia do século XIX e da primeira metade do XX não passava de preconceito e mistificação: a de que a África era um continente sem história.

   Essa afirmação infundada e preconceituosa se baseava na concepção de história elaborada pelo filósofo alemão Friedrich Hegel no século XIX, segundo a qual só os povos que criaram Estados e sistemas de escrita possuíam consciência de sua própria trajetória ao longo dos séculos. Os demais eram os chamados “povos sem história”.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Arqueólogos escavam local onde nasceu Buda

Especialistas anunciam pesquisas no subsolo da cidade de Lumbini, no Nepal, suposto local de nascimento do ícone religioso.

  

  A cidade de Lumbini, aos pés do Himalaia, no Nepal, é um dos principais destinos de peregrinação budista. Foi ali que Sidarta Gautama, o Buda, teria nascido, em 623 a.C. Inscrito na lista do Patrimônio Mundial da Unesco desde 1997, o local será escavado durante três anos.

  O objetivo da missão é investigar a presença de vestígios arqueológicos e, a partir disso, reorganizar o local de visitação para evitar danos. Os pesquisadores presumem que, além dos monumentos em homenagem a Buda, podem existir outros, mais antigos, no local. A pesquisa deve buscar também novas evidências sobre a data de nascimento do Buda.

  A missão arqueológica faz parte de um projeto maior de conservação e manutenção de Lumbini, que inclui, por exemplo, o restauro do pilar Ashoka, erguido pelo imperador indiano Ashoka (304-232 a.C.), em homenagem ao local de nascimento do Buda. Outro templo a ser recuperado é o Maya Devi, que leva o nome da mãe de Buda por ser o local onde ela se banhou antes de dar à luz. O projeto conta com o patrocínio do governo do Japão e da Unesco.