segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Camboja reconstrói templo do século XI

Após mais de 50 anos de trabalho, estrutura composta por cerca de 300 mil blocos foi remontada e já está aberta para visitação



   O maior quebra-cabeça do mundo do restauro foi completado. Depois de mais de cinco décadas, 300 mil blocos de pedra foram recolocados no lugar de origem, e o templo de Baphuon, no complexo de Angkor, no Camboja, foi, enfim, reerguido e aberto ao público.

    No início do século XX, a edificação, construída no século XI, havia sido coberta pela mata. O trabalho de restauro começou com uma grande limpeza, e logo ficou claro que a estrutura do templo, em areia, não teria mais condições de suportar as pedras da fachada, que já tinham começado a desmoronar. A solução foi remover os 300 mil paralelepípedos de arenito – de 500 kg a 1 tonelada cada –, numerá-los, reforçar a estrutura interna da pirâmide e depois recolocar as pedras no lugar de origem.

    A empreitada foi iniciada nos anos 1960, mas interrompida pela guerra civil que eclodiu na década de 1970. Durante todo o governo do Khmer Vermelho as obras permaneceram paralisadas e só foram retomadas em meados dos anos 1990. A partir de então, os restauradores encararam o desafio de encaixar as pedras retiradas décadas antes e espalhadas por mais de 10 hectares de floresta. Agora, o templo foi finalmente reinaugurado, reconstituído de acordo com o que era no século XVI.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Setembro, mês da memória

Dia 19 começa a 5ª Primavera dos Museus, jornada de atividades que envolvem mais de 580 instituições em todos os estados brasileiros


   Setembro é o mês do patrimônio. Na Europa, monumentos, igrejas, castelos e museus montam programações especiais, e locais históricos pertencentes a particulares abrem suas portas para visitantes. Este ano, a Jornada Europeia do Patrimônio será realizada em 50 países. O Brasil também celebra a data com 5ª Primavera dos Museus, organizada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

    O tema escolhido pelo Ibram para estimular a ação conjunta de museus e centros culturais no Brasil este ano foi “Mulheres, museus e memórias”. A quinta edição da Primavera dos Museus será realizada de 19 a 25 de setembro. Entre as ações estão seminários, exposições, oficinas, espetáculos musicais, mesas-redondas, visitas guiadas e exibições de filmes.

   Além da Primavera, ocorrerá em Minas Gerais a terceira edição da Jornada Mineira do Patrimônio Cultural. O tema deste ano é “Quando a minha história conta a história de todos” e pretende conscientizar os cidadãos do papel dos indivíduos na construção da história social e da memória local. A jornada ocorre durante todo o mês de setembro, e a programação está no site www.jornada.mg.gov.br

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

História às margens do Velho Chico

Iphan faz inventário inédito do patrimônio histórico e cultural das cidades e regiões banhadas pelo rio São Francisco






   Ao longo de cinco séculos, indígenas, jesuítas, colonizadores portugueses e holandeses, escravos, bandeirantes, garimpeiros, sertanejos, pescadores e viajantes deixaram vestígios de diferentes etapas da história do país nas margens do rio São Francisco. Esse patrimônio agora está devidamente catalogado em um inventário produzido por técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O levantamento é resultado de um trabalho de três anos, período em que a equipe percorreu 1.600 km do rio, passando por 90 localidades e cadastrando os bens culturais localizados nas margens do “Velho Chico”.

    O inventário identifica três regiões históricas do rio durante o período colonial: o alto São Francisco, com a ação dos bandeirantes exploradores de ouro; o médio, região de ocupação pecuária; e o baixo, área de ocupação de missionários católicos.

    No período imperial, destaca-se a implantação da estrada de ferro e da navegação mercante, que intensificaram o comércio entre as várias regiões do país. Datam do período republicano a construção de hidrelétricas no médio São Francisco e os projetos governamentais para aproveitamento de suas águas para fins agrícolas, agropecuários e agroindustriais.


   O patrimônio cultural da calha do rio São Francisco inclui diversas construções históricas, como igrejas e vestígios de missões jesuíticas; conjuntos urbanos de arquitetura art-déco e eclética, marcos do apogeu econômico do vale do São Francisco a partir da segunda metade do século XIX até o início do XX; além de fazendas e propriedades da época da mineração no Alto São Francisco.

    O levantamento do Iphan relaciona também o patrimônio imaterial – artesanato, tradições, folclores, festas religiosas e manifestações linguísticas –, arqueológico e espeleológico da região, com centenas de sítios identificados, pinturas rupestres etc.

    O objetivo do inventário é subsidiar projetos de proteção e salvaguarda do patrimônio identificado, envolvendo órgãos dos ministérios do Meio Ambiente, das Minas e Energia e da Pesca e Aquicultura, Agência Nacional de Águas e o Iphan. Isso porque o levantamento revelou como certas paisagens naturais estão deterioradas e como o patrimônio histórico e cultural está “descaracterizado, disperso ou submerso nas águas das represas formadas ao longo do rio São Francisco”.

    Entre as propostas e sugestões de salvaguarda e proteção estão o tombamento das igrejas do baixo São Francisco – em especial a de São Pedro, em Porto da Folha (SE); da fazenda Mundo Novo, em Canindé de São Francisco (SE); da gruta de Bom Jesus da Lapa (BA); do conjunto arquitetônico e urbanístico de Floresta (PE); do patrimônio arquitetônico rural na serra da Canastra e lagoa da Prata (MG); das formações geológicas do vale do Peruaçu (MG); a salvaguarda da técnica de produção da canoa de tolda (embarcação típica da região da bacia do rio); e o tombamento da própria foz do São Francisco.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

EUA devolvem peças roubadas no Iraque

Governo americano leva de volta ao país árabe objetos retirados de sítios arqueológicos de até 4 mil anos


   No início, era para ser uma investigação sobre crimes de corrupção e fraudes nas obras de reconstrução do Iraque, Afeganistão e Kwait. Mas o grupo especial formado pelo FBI americano para identificar esses crimes acabou encontrando outros: um conjunto de peças arqueológicas raras, de 2.500 a 4.000 anos, roubadas do Iraque em 2004 e levadas ilegalmente para os Estados Unidos. Os artefatos foram agora devolvidos pelos EUA ao governo do país árabe.

  Segundo o FBI, as peças foram levadas por empreiteiros contratados pelo Departamento de Defesa americano que viajavam pelo país. O conjunto incluía dois pratos de cerâmica, quatro vasos, uma lâmpada a óleo, três estátuas pequenas e sete placas de terracota. São datadas desde o período da antiga Babilônia (2000-1600 a. C.) até as épocas Neoassíria e Neobabilônica (1000-550 a.C.). Segundo especialistas, as placas de terracota eram uma espécie de amuleto que as pessoas carregavam para se proteger do mal e de doenças. Elas podiam também ser penduradas em templos ou enterradas na fundação das construções.