segunda-feira, 14 de maio de 2012

Entre a repressão e a psicodelia

Filme Uma longa viagem faz um retrato do autoritarismo político, do experimentalismo e do abuso de drogas que marcaram as décadas de 1960 e 1970



   Na década de 1960, a família de Heitor decidiu mandá-lo ao exterior para evitar que ele entrasse na luta armada contra a ditadura militar no Brasil. Durante nove anos ele deu a volta ao mundo duas vezes, e tudo parecia bem a julgar pelas cartas que mandava para a família, até que um dia ele apareceu internado em uma casa de saúde na Índia. Esse é o ponto de partida do outro lado dessa história, que sua irmã, a cineasta e ex-presa política Lúcia Murat, conta no documentário Uma longa viagem.

   No filme aparecem as duas versões da viagem de Heitor (interpretado por Caio Blat). A que podia ser escrita nas cartas para uma família de classe média da época e as entrevistas feitas com ele pela irmã, nas quais ele conta suas experiências na “swinging London” do final dos anos 1960, o mergulho nas drogas no Afeganistão e na Índia dos anos 1970 e a prisão na Holanda por tráfico de entorpecentes. Dessa forma, o documentário mostra as duas faces das conturbadas décadas de 1960 e 1970: de um lado, a repressão dos Anos de Chumbo no Brasil; de outro, os excessos da psicodelia na Europa e na Ásia.
UMA LONGA VIAGEM (Brasil, 2012). Direção: Lúcia Murat. Distribuição: Vitrine Filmes. Estreia prevista para 11 de maio.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A arte da resistência chilena

Exposição que passa por três cidades brasileiras reúne obras produzidas por presos políticos do regime de Pinochet


   Durante a ditadura, mulheres chilenas utilizaram uma espécie de tapete fabricado artesanalmente com retalhos de tecido, costurados sobre uma base de linho ou saco de farinha, para passar recados e denunciar os acontecimentos que marcaram o regime autoritário que governou o país entre 1973 e 1990. Uma coleção dessas peças, chamadas de arpilleras, foi reunida pela filósofa Roberta Bacic e forma a exposição “Arpilleras da resistência política chilena”, que passará por Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

   A mostra conta com 30 peças produzidas por mulheres presas ou cujos familiares foram encarcerados, torturados e assassinados durante a ditadura. Além do valor artístico, os trabalhos vendidos serviam para ajudar no orçamento doméstico das artesãs, que frequentemente se reuniam em comunidades ou entidades da sociedade civil. Segundo Clara Politi, produtora da exposição, as imagens representadas nas peças eram uma maneira de mostrar o que acontecia no país para a população local e os estrangeiros.

ARPILLER AS DA RESISTÊNCIA POLÍTICA CHILENA.  QUANDO E ONDE: de 7 a 14 de maio no Memorial de Curitiba; de 18 a 24 de maio no Centro Cultural UFMG, em Belo Horizonte; de 29 de maio a 5 de junho no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.