segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Por dentro da Estação da Luz

Museu da Língua Portuguesa oferece visitas guiadas no terminal que é um dos principais monumentos da São Paulo do século XIX


Dedicado à valorização e difusão do nosso idioma, o Museu da Língua Portuguesa (SP) também oferece uma boa oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a história da cidade de São Paulo.  Durante os finais de semana e feriados, a instituição organiza visitas monitoradas, com duração média de 50 minutos, através das instalações da Estação Ferroivária da Luz (em cujo prédio está instalado o próprio Museu). As visitas percorrem pontos históricos e arquitetônicos da Estação, contando um pouco da história do prédio, da ferrovia Santos-Jundiaí e de seu impacto para a economia e sociedade brasileiras.

Originalmente erguida em 1867, a Estação da Luz foi, nos primeiros anos do século 20, a mais importante porta de entrada da capital paulista, concentrando também a produção de café que era exportada pelo porto de Santos.

Exemplar típico da arquitetura eclética da segunda metade do século 19, o prédio foi um dos pontos de referência do processo de urbanização da cidade; o relógio de sua torre era usado por muita gente como parâmetro de hora certa. A Estação da Luz mantém-se hoje como a segunda mais movimentada da rede metro-ferroviária de São Paulo.

VISITAS MONITORADAS À ESTAÇÃO DA LUZ. ONDE: Museu da Língua Portuguesa, Praça da Luz, s/nº, Centro, São Paulo.  QUANDO: Sábados, domingos e feriados, às 12h e 14h. QUANTO: Grátis. CONTATO: (11) 3326-0775. SITE: www.museulp.org.br

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Flagrantes do Barroco

Exposição de fotografias em cartaz no Museu Histórico Nacional, no Rio, revela os detalhes de alguns dos principais monumentos brasileiros dos séculos XVI a XVIII




Não há estado brasileiro que represente melhor o esplendor da arte e da arquitetura barrocas do que Minas Gerais. Mineiro nascido na cidade de Lavras, o fotógrafo Alex Salim entende isso perfeitamente. A exuberância dos detalhes das pinturas, esculturas e construções vigentes,especialmente nos ambientes sacros  construídos entre os séculos 16 e 18, compõe a mostra Arte Barroca Brasileira, em cartaz no Museu Histórico Nacional (RJ) até 14 de outubro.

Ainda que centrados nas igrejas mineiras, os 42 registros fotográficos de Salim também capturam o barroco presente em cidades do Nordeste do Brasil. Estudante da arquitetura do Brasil Colônia há mais de 25 anos, o fotógrafo lançou em 2010 um belo livro de fotos homônimo da exposição do MHN . A mostra é organizada em cinco blocos temáticos (Arquitetura, Azulejaria, Imaginária, Pintura e Talha), com textos explicativos a cargo de historiadores do Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (Iphan), do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Minas Gerais (IEPHA-MG) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
ARTE BARROCA BRASILEIRA. ONDE: Museu Histórico Nacional, Praça Marechal Âncora, s/nº, Centro, Rio de Janeiro. QUANDO: de terça a sexta-feira, das 10h às 17h30; sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h. Até 14 de outubro. QUANTO: R$ 8. Estudantes da rede pública, crianças até 5 anos e maiores de 65 têm entrada franca; adultos entre 60 e 65 pagam meia. CONTATO: (21) 2550-9220. SITE: http://www.museuhistoriconacional.com.br.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Uma guerra japonesa no Brasil

Filme Corações Sujos, em cartaz nos cinemas nacionais, conta a história dos conflitos no interior da comunidade japonesa no Brasil após o fim da Segunda Guerra Mundial


Para eles, a guerra não tinha terminado. A rendição era algo impensável e o exército imperial japonês, indestrutível. Mesmo depois do fim da Segunda Guerra Mundial, para os japoneses das comunidades de imigrantes do interior paulista, a derrota de seu país era inaceitável. Sem falar português e impedidos pelo governo brasileiro de receber jornais e informações em sua língua, os japoneses que viviam no Brasil presenciaram, entre 1945 e 1947, um outro tipo de guerra. Entre eles mesmos.

Eles se sentiam vivendo em solo inimigo. Controlados pela polícia, os imigrantes japoneses não podiam se reunir em grupos, ensinar sua língua, hastear sua bandeira. Por isso, muitos deles não acreditaram quando rádios brasileiras anunciaram a rendição do imperador Hirohito aos americanos. Soava como contrapropaganda inimiga. E os que acreditassem nessas manipulações eram considerados traidores da pátria. Tinham os corações sujos.

O filme <i>Corações sujos</i>, do diretor Vicente Amorim, que estreia no dia 24 de agosto em circuito nacional, retrata essa impressionante guerra dentro da colônia japonesa no Brasil depois do término da Segunda Guerra. Uma comunidade que já contava com 200 mil pessoas na época. A história se baseia em fatos reais contados pelo jornalista Fernando Morais no livro homônimo (Companhia das Letras, 2000).

O filme, falado em grande parte em japonês, traz nomes importantes do cinema nipônico no elenco, como Eiji Okuda, Tsuyoshi Ihara (protagonista de <i>Cartas de Iwo Jima</i>, de Clint Eastwood), e Shun Sugata. Em primeiro plano aparece a história ficcional de um casal, o fotógrafo Takahashi e a professora Miyuki, que ensina japonês aos filhos dos imigrantes. Inspirada nos casos retratados no livro de Morais, a trajetória do casal é um exemplo de como essa violenta guerra afetou as pessoas comuns da comunidade nipo-brasileira.

Vicente Amorim conta que, durante a realização do filme, ouviu de muitos descendentes de japoneses que “apenas um <i>gaijin</i> (um estrangeiro) poderia contar esta história”. Foi assim também quando Fernando Morais tentou desenterrar esse segredo, cuidadosamente guardado durante meio século pela comunidade que, hoje, conta com mais de 1 milhão de pessoas. Um misterioso segredo que “deixou um rastro de sangue e levou mais de 30 mil imigrantes para a cadeia”, segundo Morais.